Documentário ‘Periferia, Mulheres e Cotidiano’ estreia em junho

Produzido pelo Tuls e vários parceiros, o projeto ouviu mais de 30 moradoras de bairros periféricos, comunidades rurais, assentamento da Reforma Agrária e uma Terra Indígena

Um projeto cultural inovador, viabilizado pela Lei Paulo Gustavo em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, está em execução pelo Teatro Unificado de Laranjeiras do Sul (TULS) desde julho de 2024. Intitulado “Periferia, Mulheres e Cotidiano”, o documentário busca dar voz e visibilidade ao protagonismo, cotidiano e desafios enfrentados por mulheres de quatro bairros periféricos urbanos e cinco comunidades rurais do município. Entre as localidades envolvidas estão dois assentamentos da Reforma Agrária, uma Terra Indígena e comunidades tradicionais como Erval Grande e Alto São João.
A produção audiovisual, que tem duração prevista de 70 minutos, é coordenada pela jornalista e atriz Serli Andrade, idealizadora do projeto, e conta com uma equipe de sete pessoas. Além de Andrade, integram o núcleo de criação Aninha Oliveira (produtora), Eduarda Roth (diretora de arte), Júlio Queiroz (câmera e fotografia), Joel Ramos (edição e montagem), Nilton Kurupira (pesquisador bolsista) e Marli Roth (colaboradora voluntária e mestranda em teatro).

Aproximação com as comunidades
A primeira etapa do projeto envolveu rodas de conversa realizadas com apoio das lideranças comunitárias. Esse momento foi fundamental para estabelecer uma conexão com as participantes e validar coletivamente a iniciativa. Segundo Serli Andrade, “essa etapa é quando apresentamos o projeto para aquele coletivo e fizemos o convite para que participem do documentário, que vai focar em três eixos: protagonismo, cotidiano, e a história de vida e desafios das mulheres periféricas, que muitas vezes são invisibilizadas”.As gravações ocorreram nos domicílios e espaços de luta das participantes. “Cada participação é de grande importância, pois o objetivo principal é dar voz e observar a percepção dessas mulheres em relação à própria realidade”, destaca Andrade.
A etapa de gravação nos domicílios das mulheres que demonstraram interesse em participar já foi concluída, contando com a participação de 30 mulheres no documentário. Agora, o projeto entra na fase de roteirização, edição e montagem, que seguirá até junho. Antes das gravações, a equipe do projeto participou de um curso teórico formativo em audiovisual, ministrado pelo renomado professor e cineasta Fulton Nogueira, em Curitiba.

Contribuições para políticas públicas e enfrentamento ambiental
Além de registrar histórias inspiradoras, o projeto busca contribuir estatisticamente para a formulação de políticas públicas que impactem positivamente a vida dessas mulheres. Segundo Andrade, outro foco importante é evidenciar as percepções ambientais e as lacunas políticas e sociais enfrentadas por essas comunidades.O documentário, com previsão de lançamento para 28 de junho de 2025 no Cine Teatro Iguaçu, será um registro direto e sensível sobre a realidade das mulheres que vivem à margem do sistema. “Queremos sistematizar todas as abordagens como uma referência socioambiental e geográfica, que seja amplamente útil à melhoria das condições de vida dessas mulheres e, logo, de toda a sociedade”, ressalta a idealizadora.

Reconhecimento acadêmico
Os frutos das rodas de conversa já começaram a ser colhidos. A equipe levou um relato de experiência e um artigo coletivo ao Congresso Sul-americano de Agroecologia, realizado no Paraguai, em novembro de 2024. A expectativa é que o material sirva como base para futuras pesquisas e contribuições socioambientais.