Ivan Théo: 51 anos numa alegria geral

De bem com a vida! Assim foi como Ivan Théo recepcionou a reportagem do Correio do Povo do Paraná em sua residência, em Laranjeiras do Sul, na tarde de segunda-feira (1º). De férias, o radialista recém havia chegado de uma viagem a São Paulo, onde visitou um dos filhos. Ele começou a semana com motivos de sobra para comemorar: no sábado (30), completou 51 anos e de quebra viu o Palmeiras, time do coração, vencer a Taça Libertadores da América após 21 anos.
Num bate-papo descontraído, Ivan lembrou do início da carreira no rádio, no norte do Paraná. Ele avaliou o mandato como vice-prefeito e revela incursões em outros ramos da comunicação.


Anos 80

O primeiro contato entre Ivan Théo e a comunicação surgiu em Faxinal, terra natal do hoje contratado da Campo Aberto. Por volta dos 13 anos, quando morava num seminário católico da cidade, passou a ler  mensagens de reflexão durante as missas .
Depois, trabalhou com som mecânico, foi locutor de promoção de lojas e de campanhas políticas. “Meu pai tinha uma bicicletaria, trabalhei lá um tempo com ele e depois comecei de fato na Rádio Clube de Faxinal. Estreei num programa noturno, em 1989. Foram dois anos e quando um locutor deixou a emissora, eu fui para as manhãs”, recorda.


A interrupção da carreira

Embora ao longo de 31 anos de carreira Ivan Théo tenha se consolidado no entretenimento, ele revela tentativas de ingressar em outros setores, como de esportes e policial. No primeiro, a experiência foi – no mínimo – engraçada. Após atuar como rádio-escuta – o popular plantão, que informa os placares – nas transmissões de futebol, Ivan quis incorrer na narração.

“Não deu certo (risos). Peguei o microfone. O estádio estava cheio e parece que o público em vez de olhar para o campo olhava para mim. Deu um branco e fiquei naquele: ‘lá vem, lá vai a bola’. Acabei entregando o microfone para o meu colega e desisti” (risos).
Na Rádio Tabajara, de Londrina, foi repórter policial, numa passagem que por pouco não significou o fim do casamento com os microfones. “Fiquei mais ou menos um mês, era muito pesado. Lá não é como aqui. O repórter fica o dia todo no cadeião e nem vai para a rádio. Um dia, um cara que trabalhava numa pedreira, passou com a retroescavadeira por cima do filho. Pediram para eu ir fazer a reportagem e eu disse que aquilo não era para mim. Pedi a conta”.


Laranjeiras

Ivan então resolveu abandonar o rádio. Voltou para Faxinal disposto a trabalhar com o pai, numa bicicletaria. Em certo dia de 1994, o telefonema do empresário Antônio Carlos Sartori – natural de Faxinal, mas então com estabelecimento em Laranjeiras do Sul – mudou para sempre o rumo de sua vida.
“Ele disse: estão precisando de locutor aqui e eu falei de você”, lembra. Era quarta-feira. No dia seguinte, Ivan viajou numa caminhonete da empresa que veio até o norte paranaense. Em Laranjeiras, conheceu Jaime Spazzini, diretor da Rádio Educadora. “Ele me disse: preciso para ontem. Voltei para Faxinal, arrumei minhas coisas e cheguei em Laranjeiras no domingo. Fiquei morando numa pensão por muito tempo”.
Ivan foi contratado para ocupar o horário de João Aires. O locutor – hoje diretor da Rádio São Francisco – havia apresentado seu último programa num sábado. Dois dias depois, Ivan estreou. “No domingo à noite, decidimos que o nome do programa seria ‘Alegria Geral’, inspirado numa música do Olodum”.


Campo Aberto

Foram dois anos de Educadora. Após este período, o radialista resolveu voltar para Faxinal. A decisão chegou aos ouvidos de Antônio Carlos Sartori – novamente ele. O empresário avisou da intenção do conterrâneo para Paulo Pinto de Oliveira Filho – sócio da emissora. “Certo dia, o João Gurtat Neto me ligou, fez uma boa proposta e eu fiquei”.
Era 1996. Ivan assumiu o comando do “Bom Dia Campo Aberto”, hoje comandado por Élio Osmar. E uma coincidência foi responsável por marcar o retorno definitivo do Alegria Geral. “Naquela ocasião, o João Aires tinha o programa da manhã e ele saiu. Novamente eu fui responsável por substituí-lo”, conta.


Saudades das cartinhas

Desde então, o Alegria Geral segue na grade de programação e com o mesmo formato: música, mensagens edificantes e campanhas beneficentes. Ivan e a tração viram o rádio se modificar. O tempo das cartinhas manuscritas e das interações com o ouvinte via telefone, deram lugar ao prático WhatsApp.
Sem sombra de dúvidas, a tecnologia promoveu e quebrou limites para o rádio. Ainda assim, Ivan Théo diz ter saudades das décadas anteriores. “Tenho saudade das cartinhas. Eu recebia muitas. O pessoal do interior mandava cartinhas e deixava no guarda-volumes da rodoviária. Volte e meia recebo uma cartinha, para fazer homenagem a um aniversariante, concorrer a um bolo. A última recebi no natal”.


Política

Em 2012, Ivan Théo foi candidato a vice-prefeito de Laranjeiras na chapa liderada por Sirlene Svartz. O grupo derrotou Valdemir Scarpari – candidato do então prefeito Berto Silva. Nas últimas cinco eleições, foi a única em que os correligionários de Berto perderam.
Ivan avalia o período como “gratificante”, não a ponto de fazê-lo voltar à política, coisa que descarta. “Foi uma boa experiência. Antes, eu fazia críticas políticas dentro do próprio programa. E agora não, pois sei que não é tão fácil quando a gente chega lá. Ainda assim, nunca fiz propaganda de mim. Não me desliguei do rádio e atuei na Ação Social, lidando direto com o povo”, comenta.
Durante o mandato, correram boatos de uma possível ruptura dele com Sirlene, rechaçada pelo apresentador. “Eu sou amigo da Sirlene antes de ela ser vereadora. Os boatos da época de prefeitura são falsos. Cada um tem o seu jeito de trabalhar, eu a respeitava. Continuamos amigos, conversamos e recordamos aquele tempo. Hoje não tenho pretensão de voltar para a política. Minha vida é no rádio”.


Até quando o Paulinho quiser

Ivan acredita que embora as novas possibilidades de entretenimento advindas da internet, o “Alegria Geral” tem mantido a audiência – formada na maioria por mulheres e idosos. Casado há mais de 25 anos com Vanilce e pai de três filhos, Ivan conta que nas horas livres gosta de estar envolvido com as atividades religiosas da Igreja Católica, de jogar futebol e visitar os familiares no interior de Porto Barreiro. Ouve “todo o tipo de rádio” e na TV prefere os humorísticos, citando “A Grande Família” como referência.
Ele não tem mais planos de abarcar com a carreira no rádio e nem de deixar Laranjeiras. “Enquanto o Paulinho quiser, o Alegria Geral fica no ar”.

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