Maria Lucia Benetti Schardosin, 100 anos de muita história para contar

“Meu marido e eu chegamos em Saudade do Iguaçu quando ainda era tudo mato. Construímos nossa própria casa em meio ao matagal e também ajudamos na construção da capela que está lá até hoje”, menciona a centenária viúva de um dos fundadores de Saudade

Nesta quinta-feira (5), Laranjeiras do Sul contará com o aniversário de 100 anos da dona Maria Lucia Benetti Schardosin. Em casamentos, as comemorações para esse tempo são as Bodas de Jequitibá, então podemos dizer que dona Maria é tão forte quanto a árvore conhecida por sua resistência.
A centenária, natural de Torres no Rio Grande do Sul, morou em diversas cidades entre, Criciúma, Barra Bonita, Morro do Forno, e Saudade do Iguaçu, município em que ela e seu marido tiveram participação histórica na fundação. Após 15 anos em Criciúma, dona Maria decidiu voltar a morar no Paraná e escolheu Laranjeiras do Sul para completar seus 100 anos, onde reside desde 2019.

História
Dona Maria é descendente de italianos que vieram para o Brasil de navio, quando sua avó ainda tinha 3 meses. Ela lembra que quando criança ouvia histórias dessa viagem intercontinental de 90 dias de duração. “Minha família contava que muitos ficaram doentes durante a viagem, e sem opção para enterrar as pessoas, era preciso jogar os corpos ao mar”, lembra Maria.
A centenária é a filha mais velha, e a única viva, de uma família de sete filhos. Por um tempo trabalhou como professora e aos 19 anos conheceu o seu marido José Valentim Schardozim, em Morrinhos do Sul, com quem se casou e tiveram oito filhos.
Após um tempo os dois se mudaram para Saudade do Iguaçu que na época tinha apenas duas casas. “Meu marido e eu chegamos em Saudade quando ainda era tudo mato. Construímos nossa própria casa em meio ao matagal e também ajudamos na construção da capela que está lá até hoje”, lembra Maria. “Foi um período muito difícil pois tínhamos que andar muito. Construímos uma casa do zero, colhemos as madeiras que usaríamos e ainda tivemos que lidar com onças e animais selvagens que estavam pelas redondezas”.


Família
Depois que se casou com o seo José, Maria constituiu uma linda família de oito filhos. Uma das filhas do meio, a Cecilia, era portadora de deficiência e morreu ainda jovem aos 47 anos. Com o passar do tempo a família foi se expandindo e agora conta com 26 netos, 25 bisnetos e duas tataranetas. “A maioria dos filhos estão espalhados hoje em dia. Alguns estão aqui no Paraná em Saudade, Laranjeiras e Marquinho, enquanto outros estão em São Jorge”, relata sua filha mais nova Delcir.


Saúde
Questionada sobre a saúde de dona Maria, Delcir menciona que a mãe é ativa até hoje. “Ela gosta muito de costurar, dançar e jogar bingo. Ela nunca fumou, e de bebida, quando era mais nova gostava de tomar um cálice de vinho por dia, apenas, hoje ela gosta de tomar suco de uva”, lembra a filha.
Delcir também relata que dona Maria passou pelas três principais pandemias que atingiram o Brasil. Chegou a pegar a gripe espanhola e também o Covid-19 recentemente, mas felizmente está bem e ativa para comemorar seus 100 anos.
Ainda muito lúcida Maria lembra vividamente de momentos que viveu ao longo deste século, como as orações que aprendeu com sua avó em italiano, de uma visita que fez na inauguração de uma gruta no Rio Grande, até do fogão de corrente que usavam antigamente, e também da vez que precisaram ajudar um amigo descendente de alemães que estava fugindo da perseguição e se escondeu embaixo do assoalho da família. Com tempo suficiente dona Maria poderia contar a história completa de sua vida sem uma falha se quer.
Aos 100 anos de idade dona Maria é um exemplo de cuidado com a saúde e com a mente para todos. Feliz aniversário para ela, uma mulher de força e determinação inigualável!