Empreendedoras contam como começaram o cultivo e venda durante a quarentena utilizando principalmente o WhatsApp
Por Thamiris Costa
A pandemia de Covid-19 mexeu com o mercado de plantas e flores. Quando iniciou-se, em março, as medidas restritivas, o cenário era de pessimismo, com projeções de prejuízos e demissões. Porém, o setor chegou à reta final de 2020 “renascido”, obtendo um aumento de pelo menos 5% no faturamento em comparação com o ano anterior.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), as vendas por delivery e em supermercados, que não fecharam as portas durante a quarentena, além da mudança de hábito de consumidores que migraram para o home office, ajudaram a impulsionar o setor.
“Como as pessoas acabaram ficando mais tempo em casa, transformaram ambientes e compraram mais flores e plantas ornamentais. Além disso, com o distanciamento, muita gente enviou flores por delivery com presente, no Dia das Mães e Dia dos Namorados, por exemplo. Esse mercado foi bem aquecido”, avalia Renato Opitz, diretor do Ibraflor.
Município amplo e variado no comércio de flores e plantas, Laranjeiras do Sul contou com muitas aberturas durante a pandemia nesse setor. Dentre os quais encontra-se, por exemplo, a professora Samanta Brand, que é apaixonada por flores, plantas, folhagens e orquídeas, ela passou a comprar algumas mudas para ocupar seu tempo em casa.
A floricultura em Laranjeiras
“Nesse processo, entrei em um grupo de WhatsApp para troca e doação de mudas para quem estava começando. Gostei tanto que, mesmo voltando a trabalhar, continuei com as trocas e aquisições. Era uma paixão: se via alguma diferente, já comprava ou pedia mudinha. O problema é que algumas são raras e mais difíceis de encontrar, o que as torna, consequentemente, mais caras. Foi aí que vi a oportunidade de comprar e revender”, contou ela.
Outro empreendimento na área é o Mundo Verde, organizadores que cultivam suculentas há três anos e que começaram a revender há menos de um mês. “A ideia do MundoVerde Suculentas&Cactus veio da venda de minha própria coleção. Mas agora também revendemos de fornecedores externos e, desde que começamos, já vendemos o dobro do que esperávamos, teve muita procura”, relataram.
Além disto, a jovem empreendedora, Milena Portela, do Recanto das Suculentas, também começou os negócios durante a pandemia e afirmou apesar de trazer um grande impacto negativo, trouxe oportunidades à pequenos comércios e outros hobbies as pessoas.
“O Recanto das Suculentas iniciou quando ganhei do meu marido a primeira e ai comecei a colecioná-las. Como obtive muitas mudas da mesma espécie, passei a comercializar. E foi expandindo: as pessoas procuravam comigo e eu buscava fora do município. Por isso eu percebo que a pandemia aumentou a quantidade de investidores autônomos”, finalizou Milena.
Tamanho do mercado
Com 8,2 mil produtores, 15 mil hectares de área cultivada e mais de três mil variedades produzidas em todo o Brasil, o mercado de flores é um setor bilionário, responsável por 200 mil empregos em toda a cadeia. Dados do Ibraflor mostram que o setor movimentou R$ 8,7 bilhões em 2019, com um consumo per capita de R$ 42,00.
Um dos setores que mais cresceu durante a pandemia foi o de plantas verdes, aquelas sem flor. De acordo com o Ibraflor, produtores chegaram a registrar aumento de até 20% nos negócios.