Nicotina: no ‘Dia Nacional de Combate ao Fumo’ veja as consequências e o relato de quem superou

Os efeitos do tabagismo são severos e incluem vários tipos de câncer. Um jovem de Laranjeiras do Sul, compartilha como deixou o hábito com o apoio da família e do SUS

O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado hoje (29), é uma oportunidade crucial para alertar a população brasileira sobre os perigos do tabagismo e a necessidade de tratá-lo como uma questão de saúde pública. Instituída em 1986, essa data reforça a importância de campanhas de sensibilização e mobilização contra os malefícios do tabaco. Neste contexto, o Jornal Correio do Povo do Paraná apresenta o relato de um ex-fumante de 19 anos, que iniciou o vício aos 12 e conseguiu parar no último ano, com o apoio da família e de profissionais de saúde.

O Tabagismo e suas consequências
O tabagismo é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença, caracterizada pela dependência da nicotina. Essa substância está presente não apenas no cigarro tradicional, mas também em charutos, cachimbos e narguilés, tornando esses produtos igualmente nocivos. O fumo é a principal causa de morte evitável no mundo, responsável por cerca de 200 mil mortes por ano no Brasil.
A OMS diz que o cigarro contém mais de 4.700 substâncias prejudiciais à saúde, muitas das quais são cancerígenas. Entre os componentes mais conhecidos estão o alcatrão, que pode causar câncer e problemas cardiovasculares, e a nicotina, que atua como estimulante do sistema nervoso central, aumentando a frequência cardíaca e a pressão sanguínea.

Câncer
As consequências do tabagismo são graves e variadas. O cigarro está associado ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como os de pulmão, brônquio, traqueia e laringe, além de ser um fator de risco para doenças cardíacas, infarto do miocárdio, derrame, enfisema pulmonar, hipertensão e diabetes. Além disso, os fumantes passivos, ou seja, aqueles que convivem com fumantes, também correm risco de contrair doenças graves, como câncer de pulmão e doenças cardiovasculares e respiratórias.

Tratamento gratuito
A Lei Antifumo, estabelecida pela Lei nº 12.546/11, foi criada para proteger tanto fumantes quanto não-fumantes, proibindo o uso de cigarros em ambientes fechados, públicos ou privados, e até mesmo em locais parcialmente fechados. Apesar da dificuldade, é possível abandonar o vício. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar, e, ao interromper o uso do cigarro, o organismo começa a se recuperar dos danos, embora esse processo seja lento.

Relato de um ex-fumante
Um estudante de Laranjeiras do Sul, João Lucas dos Santos, de 19 anos, compartilha sua experiência na luta contra o tabagismo. “Comecei a fumar aos 12 anos, influenciado pelo meu avô e pelas pessoas ao meu redor. O cigarro se tornou um refúgio nos momentos de estresse e ansiedade”, relembra João. O hábito se intensificou rapidamente, e em pouco tempo ele estava consumindo entre quatro e cinco carteiras de cigarro por dia.
Em 2020, João decidiu experimentar o cigarro eletrônico ‘pod’, uma versão mais compacta do vape, acreditando que seria uma alternativa menos prejudicial ao cigarro convencional. “Pensei que seria uma maneira de reduzir os danos, mas, na verdade, o vício só se intensificou”, admite.
Os efeitos na saúde não tardaram a surgir. “Eu sentia falta de ar, dores no peito e tinha dificuldade para dormir. Chegou um momento em que percebi que precisava parar, mas foi extremamente difícil. Lutar contra o vício é uma batalha árdua”, descreve João.
Com o apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde, além de se engajar em atividades que ocupavam sua mente, João conseguiu vencer a dependência. “Hoje, estou livre do cigarro, mas sei que a luta contra o vício é contínua”, afirma, destacando que não deseja voltar ao hábito.
Para aqueles que desejam parar de fumar, João oferece conselhos valiosos. “Perceba como o fumo afeta sua vida e as pessoas ao seu redor. Muita gente se incomoda com o cheiro, e isso pode ser um sinal de que é hora de procurar ajuda. Eu busquei apoio no SUS aqui em Laranjeiras, o que foi um passo crucial para mim”.
Quanto ao processo de parar, ele aconselha: “Não tente abandonar de uma vez, de um dia para o outro. Vá reduzindo aos poucos, de forma gradual. Assim, a chance de sucesso é maior”, finaliza.