Perdas na safra de trigo 2024 podem chegar a 60% na regional de Laranjeiras

Embora ainda não seja possível confirmar com precisão, já estão contabilizados danos de pelo menos 30%. A expectativa inicial era de uma média de 3.750 kg/ha, mas as condições adversas reduziram essa projeção para 2.650 kg/ha

A safra de trigo 2024 na regional de Laranjeiras do Sul apresenta um cenário de perdas consideráveis, conforme os dados repassados pelo economista do Departamento de Economia Rural (Deral), Edson Gonçalves de Oliveira. Até o momento, a colheita abrange apenas 20% da área plantada, com variações nos diferentes municípios: enquanto Guaraniaçu já colheu 70% da área, Laranjeiras do Sul e os municípios vizinhos estão apenas no início da colheita, e Quedas do Iguaçu registra 20%.

Previsão
Edson destaca que, em setembro, já eram contabilizadas perdas de 30% na produção, principalmente devido à estiagem e geadas que atingiram a região. A expectativa inicial era de uma média de 3.750 kg/ha, mas as condições adversas reduziram essa previsão para 2.650 kg/ha. Com a colheita em andamento, as perdas podem chegar a 40% ou até 60%, embora esses números ainda não possam ser confirmados com precisão, já que algumas áreas ainda estavam em fase de floração e frutificação no início das chuvas.
A área plantada de trigo na regional de Laranjeiras do Sul é de 60.500 hectares, que abrange as cidades de Laranjeiras do Sul, Diamante do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Guaraniaçu, Marquinho, Nova Laranjeiras, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu e Virmond. As condições climáticas têm impactado diretamente a produção nesses municípios.

Lucro não é garantido
Edson ressalta que o trigo é uma cultura de risco, especialmente devido às exigências de qualidade impostas atualmente. “É uma cultura difícil de dar lucro. Tem que olhar no contexto da safra inteira, como cobertura de solo e rotação de cultura. Hoje, vários testes de qualidade são exigidos, e, mesmo quando há boa produção, o lucro não é garantido”, afirma. Ele lembra que, nos últimos cinco anos, apenas uma safra apresentou resultados satisfatórios.

Mais prejuízo
Comparando com a safra de 2023, os prejuízos da safra anterior já haviam sido significativos. No Paraná, as perdas foram estimadas em quase R$ 1 bilhão, com a produção total de trigo finalizando em 3,6 milhões de toneladas, abaixo do potencial. Naquele ano, cerca de 420 mil toneladas de trigo foram destinadas à ração animal, em função das doenças que afetaram a lavoura antes das chuvas.
Edson destaca que o custo de produção é elevado e a margem de lucro, quando há, é pequena. No entanto, ele reforça a importância da cultura do trigo no contexto agrícola da região, tanto pela rotação de cultura quanto pelo residual de adubação para outras culturas, como a soja.
A previsão é que o cenário da safra 2024 seja mais claro ao final da colheita, quando as áreas mais atingidas pelas geadas forem concluídas.