Qualidade do ar em Laranjeiras atinge níveis insalubres para grupos de risco

OMS recomenda concentração de partículas MP2,5 entre 5 e 15 µg/m³ para ser segura. Ontem (11), o nível no município chegou a 38 µg/m³.

Laranjeiras do Sul e a região enfrentam uma crise de poluição do ar devido ao aumento significativo das queimadas. Em 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um aumento superior a 100% no número de focos de queimadas no Brasil em comparação com o mesmo período do ano passado. A combinação desse incremento com as condições climáticas secas típicas dessa época está espalhando a fumaça por quase 60% do território nacional, impactando diretamente a qualidade do ar.
Na Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública do Grupo dos 20 (G20), realizada no último dia (09), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou os graves impactos das queimadas sobre a saúde pública e os sistemas de saúde. O fenômeno não afeta apenas a qualidade do ar, mas também agrava problemas de saúde existentes e pode causar novos problemas respiratórios e cardiovasculares.

Áreas mais afetadas
De acordo com dados de satélites e medições locais, as áreas mais afetadas pela fumaça apresentam níveis de qualidade do ar que excedem os limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS sugere que a concentração de partículas finas, conhecidas como MP2,5, deve estar entre 5 e 15 µg/m³ para ser considerada segura. Contudo, em áreas severamente impactadas, como Rio Branco, no Acre, os níveis chegaram a ultrapassar 250 µg/m³. Esse problema se estende desde o Norte até o Sul do país, com cidades como São Paulo registrando a pior qualidade do ar do mundo, com 14 vezes a concentração recomendada de MP2,5. Em Laranjeiras, a qualidade do ar ontem (11) de acordo com o site Accu Weather, era de 38 µg/m³, o que sugere que a qualidade do ar aceitável para a maioria das pessoas. No entanto, grupos sensíveis podem apresentar sintomas leves a moderados em caso de exposição prolongada.
Além das partículas finas, a fumaça das queimadas contém uma mistura perigosa de poluentes, incluindo monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx), ozônio e metais pesados. Esses elementos podem causar sérios problemas de saúde, como irritação dos olhos e das vias respiratórias, agravamento de doenças pulmonares e cardiovasculares, e impactos negativos no sistema imunológico.

Recomendações
Em resposta a essa crise, a Sala Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, do Ministério da Saúde, lançou recomendações para proteger a população dos efeitos nocivos da fumaça:

  • Aumentar a ingestão de água: Para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
  • Permanecer em ambientes fechados: Preferencialmente com ar-condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
  • Manter portas e janelas fechadas: Durante os períodos de maior concentração de poluentes no ar.
  • Evitar atividades físicas ao ar livre: Para reduzir a inalação de partículas poluentes.
  • Não consumir alimentos, bebidas ou medicamentos expostos a cinzas: Para evitar contaminação.
  • Utilizar máscaras: Preferencialmente N95, PFF2 ou P100, que podem ajudar a reduzir a inalação de partículas finas.

Grupos de risco
Além disso, o Ministério da Saúde classifica crianças menores de 5 anos, idosos e gestantes como grupos de risco, exigindo atenção especial para esses segmentos da população. Para pessoas com condições preexistentes, como problemas cardíacos ou respiratórios, é recomendado buscar atendimento médico imediato ao surgimento de sintomas, manter medicamentos essenciais disponíveis e considerar a possibilidade de se afastar temporariamente das áreas afetadas.