Raiva bovina: “Casos na regional de Laranjeiras estão diretamente relacionados à falta de vacinação preventiva” afirma veterinária

Adapar registrou 27 ocorrências no município. Letícia Salmória fala sobre sintomas, prevenção e riscos da doença que pode ser transmitida para humanos

Em 2024, o Paraná registrou um aumento de 39% nos casos de raiva bovina, com 206 notificações até o momento, contra 148 em 2023. A regional de Laranjeiras do Sul ( 25 casos em Guaraniaçu e 2 em Rio Bonito do Iguaçu) figura entre os mais afetados, com 27 casos registrados, ficando atrás apenas de Cascavel, que teve 105 ocorrências. A doença já foi detectada em 45 municípios, com maior concentração na região oeste do estado. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) alertou para os riscos de perdas significativas, principalmente em pequenas propriedades, e reforçou a importância da vacinação regular como principal medida de prevenção.

Sintomas

A raiva bovina é uma doença fatal para os animais, e seus sinais neurológicos são os principais indicativos da infecção. A médica veterinária e professora do Centro Universitário Campo Real de Laranjeiras, Letícia Salmória, explica que os sintomas mais comuns incluem salivação excessiva, andar cambaleante, perda de equilíbrio e movimentos involuntários, como a pedalagem com os membros. Raramente os animais apresentam agressividade. Esses sinais surgem devido ao vírus Lyssavirus, que afeta o sistema nervoso central. Após a manifestação dos sintomas, os animais geralmente morrem entre 3 a 7 dias. “Perder um animal em idade produtiva pode ser um grande prejuízo para o produtor, especialmente quando o custo da vacina é baixo e a doença pode ser evitada com a vacinação preventiva”, destaca. A especialista também lembra que a doença é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para os seres humanos, o que torna a doença ainda mais preocupante para a saúde pública.

Diagnóstico e prevenção

O diagnóstico da raiva bovina é confirmado apenas por meio de exames laboratoriais, com a coleta de material do encéfalo do animal após o óbito. Letícia salienta que, infelizmente, muitos produtores só realizam a vacinação quando a doença já está presente na propriedade, o que dificulta o controle da disseminação do vírus. “O aumento do número de casos na regional de Laranjeiras, assim como em outras cidades, está diretamente relacionado à falta de vacinação preventiva. Quando ocorre o alerta de um foco, a vacinação deve ser imediata para impedir que a doença se espalhe”. A médica veterinária também enfatiza que a vacina é a forma mais eficaz de prevenção, além de ser de baixo custo.

Cuidados com o manejo

A raiva bovina é uma zoonose de grande preocupação, pois pode afetar a saúde de trabalhadores rurais e seus familiares. Durante o manejo de animais com suspeita da doença, Letícia orienta que os produtores mantenham distância dos animais e notifiquem imediatamente os órgãos oficiais de defesa agropecuária. “Os produtores devem estar cientes dos riscos da doença e da importância de adotar as medidas preventivas. A raiva é uma doença altamente letal, tanto para os animais quanto para os humanos”, alerta.

Vacinação

A vacinação regular dos animais é essencial para o controle da raiva bovina. A especialista explica que, animais que nunca foram vacinados devem receber duas doses com intervalo de 30 dias, seguidas de reforços anuais. “Além disso, o controle de morcegos hematófagos, que são os principais transmissores do vírus, também é uma medida importante. Os produtores devem aplicar vampiricida nos animais que apresentarem mordeduras de morcegos”.

Pós doença

Questionada sobre as medidas adotadas após a confirmação da raiva em uma propriedade, Letícia explica que há um controle intensificado dos transmissores da doença, principalmente os morcegos, em um raio de até 12 quilômetros da área de foco. “Se outros animais vierem a óbito nessa área, caberá ao médico veterinário oficial necropsiá-los e coletar materiais, que serão destinados ao exame laboratorial”.

A médica veterinária acrescenta que, após a implementação de medidas sanitárias adequadas, espera-se a ausência de novos casos em um período equivalente ao dobro da média de incubação da doença, que é de 45 dias. “Um foco de raiva deverá ser encerrado 90 dias após o último óbito ocorrido na propriedade”, conclui.