Vitória internacional: superando desafios Paula Leal vence maratona nos EUA
“Posso falar o dia inteiro, mas nada vai conseguir refletir a minha experiência lá, foi incrível!”, relata a treinadora entusiasmada
Nesta semana Laranjeiras do Sul esteve bem representada nas maratonas de corrida New York Marathon e a Run Nash de Nashville nos Estados Unidos. A personal trainer e proprietária da Body Planet Academia, Ana Paula Leal, foi disputar as corridas no país do Tio Sam e contou para o Correio do Povo como foi a experiência.
Maratona de Nova York
A treinadora correu primeiro na Maratona de Nova York, de 42,195 km que percorre pelos bairros da metrópole. “Eu ia para a corrida em 2020, mas pela pandemia acabou não acontecendo. Esse ano foi uma superação conseguir ir pois havia machucado meu joelho, fiquei dois meses e meio sem correr. Em agosto eu estava pronta para cancelar minha ida à prova, mas decidi me fortalecer e tentar. Comecei a recuperação do joelho indo na fisioterapia, então fiz de tudo para me reabilitar e não cancelei a viagem”, afirma Paula.
Ana diz que essa maratona de Nova Iorque é uma de ‘queridinhas’ das majors, uma das mais animadas e maiores do mundo. “Mesmo sabendo disso eu não esperava tanto. São milhares e milhares de pessoas na rua torcendo, fora as que estão competindo”.
Nesta prova correram mais 50 mil pessoas. Paula explicou como funciona a maratona: “É tanta gente que a largada é feita em ondas, são várias ondas e começa primeiro a largada 9/10, depois da profissional para o grande público, e vai de 20 em 20 minutos ‘largando’ até às 11h30. Então é o dia inteiro em Nova York o pessoal percorrendo todos os bairros” afirma Ana.
Paula enfatiza que a cidade inteira entra no clima da maratona com a participação não apenas dos corredores mas de todos os moradores de cada bairro. “É muito lindo de ver, porque você passa de um bairro para outro, pelas ruas, pelas avenidas enormes e é lotado de gente torcendo, vibrando. É uma energia surreal, fora do normal, eu nunca vivenciei uma coisa tão maravilhosa assim, de energia da galera e você olhar aquelas ruas lotadas de pessoas correndo e se superando, tentando vencer aquele desafio é muito lindo”, denota a personal trainer.
Ana afirma que mesmo cansada a energia dos torcedores é essencial “É muito legal pois mesmo ao atravessar essa linha de chegada cansada você sente toda essa energia, você olha para um lado, olha pro outro, e o pessoal está torcendo, gritando, e ajudando dando água e comida”.
Paula se surpreendeu com a dimensão da prova. “A estrutura deles é gigantesca e maravilhosa. Tanto é que eles têm isotônico e água no percurso todo, a cada milha, eles não fazem isso. E mesmo assim tem os moradores, que vão lá torcer e dão água e frutas para os competidores”.
“É muito legal pois você vê que a cidade respira essa maratona nessa época tanto é que estava abarrotada. Nunca fui pra Nova York tão cheia. Mas imagina 50 mil participantes, mais os familiares que é difícil alguém sozinho. Então estava muito cheio, muito bonito” afirma Ana.
Paula deixa o recado para os amantes por corrida que queiram fazer alguma maratona. “Quem puder e tiver a escolha, vá para Nova York, é uma experiência maravilhosa e emocionante. Eu mesma me emocionei muito durante a prova por poder estar ali e ter conseguido superar a minha recuperação do joelho. Sentir essa energia foi indescritível”.
“Tudo que eu tentar falar aqui não vai conseguir expressar a emoção e sentimento de felicidade que tive durante a prova inteira” finaliza Ana emocionada.
Run Nashville
Paula competiu também na maratona de Nashville capital do Tennessee, na Run Nash. Nesta ela saiu vitoriosa, em primeiro lugar na categoria feminina. “A de Nashville eu já sabia da prova antes mesmo de viajar, mas deixei para me inscrever depois da maratona de Nova York para ver como estaria, já que não estava treinando com tanto volume e por causa do joelho reabilitado também, preferi esperar e fiz a inscrição no penúltimo dia” diz Ana.
Essa maratona era menor que a de Nova York, de 5 quilômetros. Paula diz que a intenção nesta prova era curtir, relaxar e aproveitar que estava lá. “Graças a Deus acabei ganhando, e fiquei muito contente. Dei o meu melhor e fiz um bom tempo, mesmo com o frio, que estava em 0º quando levantamos, uma chuva fina e vento também”. Paula ainda brinca que é sortuda com o clima nas competições. “Tenho sorte nas provas pois quase nunca chove. Mas em geral a experiência foi ótima, é sempre bom a gente fazer o que ama e curtir os momentos, a vida está aí para a gente curtir um pouco também né”, relata a treinadora.
Paixão pela corrida
Paula é formada em Educação Física e é dona da academia Body Planet em Laranjeiras. Ela conta que sua paixão pelas maratonas começou ‘tarde’. “Peguei o gosto pela corrida depois do meu segundo filho. Comecei a correr mais pela questão do condicionamento, queria me desafiar um pouco, para sair da rotina que já estava acostumada”.
Ana conta que quando mais nova gostava de jogar bola. “No início eu adorava praticar vôlei, beach soccer e vôlei de praia também. Eu sempre fui fominha de bola e gostava de jogar, mas não queria correr”, brinca Paula.
“Toda vez que eu jogava algum desses esportes eu treinava correndo”. Após pegar gosto pela modalidade ela começou a estudar a corrida, para entender a ciência por trás. “Faz 12 anos que comecei a estudar sobre corrida. Mas na época era menor a quantidade de informações sobre o assunto, então eu pesquisei bastante, lia livros e entrava em contato com os autores para me informar melhor. Fiz vários cursos também e fui aprendendo como era o treinamento da corrida e toda a parte fisiológica”, explica ela.
Além de utilizar os estudos consigo, Paula repassa o que aprende aos seus alunos. “Eu estudava, praticava um pouco em mim, e após isso passava para meus alunos as informações que achava relevante para eles usarem também”.
Preparo
Paula explica que para participar das maratonas é necessário um certo índice/tempo para ser aprovado, ou então tentar o sorteio que é muito concorrido. “Para participar você tenta pelos índices, ou pelo sorteio. Há a opção de pegar um pacote com agência de viagem, mas dessa maneira sai muito mais caro”. “Inicialmente eu ia esperar e tentar índice na maratona de Boston no ano que vem. Mas persisti e fiz a de Nova York por primeiro. Em 2019 fiz a meia na cidade e consegui o índice necessário para participar direto da maratona”.
Sobre o treino para corre nas maratonas Ana disse: “O ciclo de treino de uma maratona é muito extenuante. Você tem que se dedicar muito e fazer bastante volume semanal, progredindo aos poucos. Eu deixo para treinar de 3 a 4 meses antes de cada prova presente da maratona. Faço uma programação progressiva de treinos assim um pouco mais extenuantes”.
Novas maratonas
Paula falou um pouco sobre os planos para o futuro. “Maratonas mesmo não são minha especialidade, eu gosto mais das provas de velocidade e meia maratona também. Mas agora por causa do meu joelho não vou treinar mais com tanto volume e tanta intensidade. Vou competir em provas menores, eventualmente fazer meias maratonas” diz ela.
Paula expõem que tem o sonho de completar todas as majors, que são as seis principais maratonas do mundo nas cidades de Nova York, Chicago, Berlim, Boston, Tóquio e Londres. “Depois de completar as seis corridas você recebe uma medalha especial, a Six Star Medal, que é uma mandala com todas as medalhas das seis maratonas, então é uma conquista muito grande”, explica Ana. O médico brasileiro Dráuzio Varella recebeu uma Six Star Medal em outubro deste ano, se tornando a pessoa mais velha a receber a medalha aos 79 anos.