Você sabia? Cobreiro e Herpes Zoster são a mesma doença
A clínica geral Sirlene da Silva, e a cartorária Pauli Franco, abordam os perigos deste vírus silencioso
Nos últimos anos, o Herpes Zoster tem sido uma preocupação crescente de saúde global, afetando indivíduos de diferentes faixas etárias e contextos médicos. Segundo pesquisas, de março a agosto de 2017, foram reportados 5.691 casos no sistema público, que cresceram para 7.021 no mesmo período em 2019. Nos primeiros meses da pandemia, de março a agosto de 2020, o número aumentou para 8.695 e, entre setembro e fevereiro de 2021, subiu para 9.654.
O vírus
A Herpes é uma doença causada por dois tipos de vírus: o Vírus Varicela-Zóster (VVZ), que causa catapora (varicela) e também o popularmente conhecido cobreiro (herpes zóster) e os herpesvírus tipo 1 e tipo 2, que causam o chamado herpes simplex.
Segundo a clínica geral de Laranjeiras, Sirlene Maria da Silva, a doença surge inicialmente nos nervos, seguido por erupções na pele. “Após dor nos nervos, começam a aparecer erupções avermelhadas com papilas, que evoluem para vesículas e depois pústulas, formando crostas em 3-4 dias. Desde o início, as lesões possuem pus intenso no local e também pode ocorrer febre”, explica a médica.
Conforme Sirlene, geralmente os sintomas surgem em decorrência da reativação do vírus em latência.
Experiência própria
A cartorária de Laranjeiras do Sul, Mari Pauli Franco, teve a doença na perna no início de junho deste ano, e compartilhou sua experiência com o Jornal Correio do Povo do Paraná.
“No início eu sentia dores fortes no nervo da perna. Mal conseguia andar. Algumas pessoas diziam que podia ser problemas no nervo ciático. Porém, uma semana depois começaram a aparecer manchas vermelhas”, diz Pauli.
De acordo com Pauli, ela procurou ajuda no momento em que a dor começou a subir para as costas. “Com o aparecimento das manchas eu já imaginava que era algum tipo de herpes, então decidi tomar o remédio Aciclovir. Quando subiu para as costas, fui ao médico. Na consulta, o doutor confirmou que se tratava da Herpes Zoster”, explica Pauli.
“De imediato o doutor trocou meu remédio para outro, pois o Aciclovir se toma de 4 em 4 horas e havia a possibilidade de causar hepatite medicamentosa, por ser muito agressivo com o fígado”, diz a cartorária.
Quem é mais atingido?
De acordo com Sirlene, as pessoas mais atingidas são adultos, crianças e pacientes imunocomprometidos com doenças crônicas, como câncer e Aids principalmente. Em crianças, a doença geralmente evolui de forma benigna.
Sirlene explica que as regiões mais comprometidas são torácicas, cervical, trigêmeo e lombossacral. “Se houver acometimento do VII par craniano (nervo na face) pode levar a uma paralisia facial e rash no pavilhão auditivo, conhecida como Síndrome de Hawsay-Hurt, com prognóstico de pouca recuperação”, enfatiza a doutora.
O período de transmissibilidade é de 1 à 2 dias antes da erupção, e até 5 dias após o surgimento das vesículas.
Entre as complicações causadas estão a infecção bacteriana secundária de pele – impetigo, abscesso, celulite, erisipela – que podem levar a quadros sistêmicos de sepse, com artrite, pneumonia, endocardite; encefalite ou meningite e glomerulonefrite.
Profilaxia
Segundo a dra. Sirlene medidas de controle da varicela são cruciais. “A vacina contra varicela ainda não faz parte do calendário básico de vacinações, mas está disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie) e é recomendada em diversas circunstâncias específicas”.
Conforme a médica, a vacinação é recomendada para populações indígenas em caso de surto a partir dos 6 meses e em qualquer idade para os indivíduos suscetíveis até 96 horas de contato. “Além disso, é indicada para imunocomprometidos, como aqueles com leucemia linfocítica aguda e tumores sólidos em remissão de pelo menos 12 meses. Profissionais de saúde e familiares suscetíveis à doença também devem ser vacinados, especialmente se estiverem em convívio comunitário ou hospitalar com imunocomprometidos”, ressalta Sirlene.
A doutora destaca que a vacinação também é necessária para pessoas suscetíveis à doença que serão submetidas a transplante de órgãos sólidos, pelo menos três semanas antes do procedimento cirúrgico, assim como para aqueles imunocompetentes que estejam internados em enfermarias onde haja casos de varicela, incluindo os HIV positivos assintomáticos ou oligossintomáticos.
“A administração da vacina é subcutânea e a dose varia de acordo com o laboratório produtor. Em relação aos eventos adversos, como dor, calor e rubor, esses sintomas ocorrem em torno de 6% das crianças vacinadas e de 10% a 21% dos adultos suscetíveis”, diz.
Contraindicações
De acordo com a médica, existem algumas contraindicações para a vacinação. “Pacientes imunocomprometidos, exceto nos casos previstos nas indicações, não devem ser vacinados. Também é importante evitar a vacinação durante o período de três meses após realizar terapia imunodepressora e um mês após o uso de corticosteroides em dose elevada”.
Sirlene finaliza informando que mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez por um mês após a vacinação. Também é contraindicada em casos de reação anafilática à dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes.