Uma das pesquisas revela que muitos dos 452 felinos analisados apresentaram sinais de angústia após a morte de um companheiro, como maior busca por atenção, vocalização e perda de apetite
Quando um animal de estimação morre, a dor da perda pode não ser exclusiva dos humanos. Pesquisas indicam que gatos também podem sofrer com o luto pela perda de outro animal na casa. No entanto, ainda há poucas conclusões sobre como os gatos reagem à morte de seus tutores.
O luto é uma resposta humana conhecida, mas suas raízes podem ser antigas, possivelmente presentes em espécies extintas de seres humanos. Alguns primatas, mamíferos marinhos como golfinhos e baleias, e até corvos, mostram mudanças de comportamento quando um dos seus morre. Esses comportamentos incluem carregar filhotes mortos ou permanecer perto do corpo por um longo período, como em uma vigília.
Uma teoria sugere que o luto é um subproduto do estresse causado pela separação, comum em animais sociais. Essa resposta pode ter evoluído para incentivar a reintegração de indivíduos perdidos, essencial para a sobrevivência do grupo. Quando a separação é definitiva, como na morte, essa dor leva ao luto.
Angústia e redução de apetite
Embora existam muitas pesquisas sobre como a perda de um animal afeta os humanos, pouco se sabe sobre como os gatos lidam com a perda. Um estudo recente das psicólogas comparativas Brittany Greene e Jennifer Vonk, dos EUA, investigou esse tema. Embora os ancestrais dos gatos fossem solitários, a domesticação permitiu que eles vivessem em grupos e formassem laços sociais.
O estudo de Greene e Vonk revelou que muitos dos 452 gatos analisados apresentaram sinais de angústia após a morte de um companheiro, como maior busca por atenção, vocalização e perda de apetite. A pesquisa indicou que o vínculo entre os animais, o tempo que passavam juntos e as interações diárias influenciam no luto.
Essa pesquisa é baseada em um estudo anterior de Jessica Walker e sua equipe, realizado em 2016 na Nova Zelândia e Austrália, que examinou como cães e gatos reagem à perda de um companheiro. Foi observado que 75% dos animais sobreviventes apresentaram mudanças comportamentais, com gatos demonstrando maior afeto e apego. No entanto, ambas as pesquisas se baseiam na percepção dos tutores, o que pode influenciar as conclusões devido ao estado emocional dos donos.
Medida de segurança
Uma explicação alternativa para as mudanças de comportamento após a morte de um companheiro é que estar perto de um animal morto pode sinalizar perigo, levando os outros a alterar seus hábitos como medida de segurança, em vez de luto. Embora isso não tenha sido estudado em gatos, pesquisas com outras espécies sugerem que o comportamento pode ser uma resposta instintiva de sobrevivência.
Em relação à morte dos tutores, não há muita pesquisa sobre como os gatos reagem. Embora seja reconfortante pensar que nossos gatos lamentariam nossa morte, isso ainda não está comprovado.
Um comportamento perturbador, porém documentado, é o consumo dos restos mortais do tutor por animais de estimação. Tanto gatos quanto cães são conhecidos por isso, e embora a fome seja uma explicação, algumas teorias sugerem que a limpeza do corpo pode começar como uma tentativa de reanimar o tutor, evoluindo para mordidas se o animal não responder.
Portanto, ainda não se sabe se os gatos realmente sofrem com a perda ou se estão reagindo a mudanças no ambiente que ainda não compreendemos totalmente.