Irã promete vingança a Israel pela morte de Ismail Haniyeh
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, assegurou represálias contra Israel após o assassinato do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, prometeu retaliação contra Israel após a morte de Ismail Haniyeh, chefe do braço político do Hamas. O assassinato ocorreu na madrugada desta quarta-feira (31), durante uma visita de Haniyeh ao Irã para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. O grupo Hamas confirmou a morte em comunicado oficial.
Apesar de Israel não ter reivindicado responsabilidade pelo ataque, Khamenei prometeu uma “punição severa” em resposta. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, criticou a ação, afirmando que o Irã “defenderá sua integridade territorial” e que Israel “se arrependerá pelo assassinato covarde”. A Guarda Revolucionária do Irã, braço militar que responde diretamente ao líder supremo, também afirmou que tanto o Irã quanto a “frente de resistência” responderão ao crime.
Em Israel, o porta-voz do governo afirmou que “não faremos comentários sobre a morte de Haniyeh”, mas que o país está em alerta máximo para possíveis retaliações iranianas. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, destacou que “Israel não quer guerra, mas está preparado para todas as possibilidades”.
Reações internacionais e impacto regional
O assassinato de Haniyeh gerou reações internacionais. O Egito e a Turquia acusaram Israel pelo incidente. O governo egípcio declarou que o episódio ‘indica a falta de vontade política de Israel para frear os conflitos regionais’, complicando as negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, das quais o Egito é mediador junto com o Catar e os Estados Unidos.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que ‘este assassinato é uma perversidade que visa interromper a causa palestina, a nobre resistência de Gaza e a luta legítima de nossos irmãos palestinos’. Segundo Erdogan, a ‘barbárie sionista não atingirá seus objetivos’.
Em resposta à morte de Haniyeh, os territórios palestinos, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, anunciaram uma greve geral e três dias de luto. Protestos também foram convocados em diversas localidades.
Funeral e consequências imediatas
O funeral de Ismail Haniyeh será realizado na quinta-feira (1º) pelo governo iraniano, com o corpo sendo posteriormente transportado para Doha, no Catar, onde Haniyeh residia. Alessandro Candeas, embaixador do Brasil na Palestina, relatou que, apesar da greve geral, não havia manifestações de rua na Cisjordânia até o momento, mas o clima era de apreensão.
O comunicado da Guarda Revolucionária do Irã detalhou que Haniyeh e um de seus guarda-costas foram assassinados em sua residência em Teerã. A TV estatal iraniana informou que o ataque ocorreu às 2 horas desta quarta-feira, horário local, 20 horas de terça-feira em Brasília.
Israel não comentou oficialmente sobre o assassinato, mas anteriormente havia prometido retaliar Haniyeh e outros líderes do Hamas após o ataque do grupo em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de cerca de 250.
O Hamas afirmou que Haniyeh foi morto em um “ataque aéreo traiçoeiro à sua residência em Teerã”. O líder estava no Irã para participar da cerimônia de posse do presidente Masoud Pezeshkian. Moussa Abu Marzouk, alto funcionário do Hamas, declarou que o ato não ficará impune, enquanto a TV Al-Aqsa, controlada pelo Hamas, reforçou a necessidade de vingança.
O canal de TV Al Mayadin, baseado em Beirute, citou Ali Khamenei afirmando que “é dever do Irã vingar o sangue de Haniyeh porque ele foi martirizado em nosso solo”.
A tensão na região aumentou significativamente, com todos os olhos voltados para as possíveis consequências deste assassinato e as respostas de ambos os lados nos próximos dias.