A saúde mental dos adolescentes

A adolescência é um período crucial para o desenvolvimento e manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar mental

Múltiplos fatores determinam a saúde mental de um adolescente. Quanto mais expostos aos fatores de risco, maior o potencial impacto na saúde mental de adolescentes. Entre os fatores que contribuem para o estresse durante esse momento da vida, estão o desejo de uma maior autonomia, pressão para se conformar com pares, exploração da identidade sexual e maior acesso e uso de tecnologias, conforme explica a psicóloga Adriely Sobierai, que trabalha na Apae de Laranjeiras do Sul há 9 anos. Estamos em uma geração de adolescentes com uma saúde mental bem fragilizada, com o uso exagerado da tecnologia. Não que a tecnologia não seja boa, mas precisa ter um limite. Com o exagero acaba comprometendo a geração, explica. Além disso, segundo Adriely, o grande problema é que os adolescentes não têm uma abertura familiar e muitas vezes não permitem que a família tenha acesso ao que eles estão sentindo, gerando quadros e pensamentos de suicídio.

Falta de empatia
Adriely conta que percebe a falta de empatia entre os adolescentes, a falta de um ajudar o outro. A principal fonte de ajuda que pode existir é entre os próprios adolescentes, um orientando o outro e muitas vezes até informando a família ‘olha será que vocês não perceberam que o meu amigo não está legal, será que tem como a senhora ajuda ele?’ porque um precisa ajudar o outro.Os índices na adolescência de pensamentos suicidas e automutilação tem sido muito alto e isso tem se tornado alarmante na nossa região, ressalta.

A psicóloga fala que a maioria dos adolescentes procuram causar dores físicas para esquecerem das dores emocionais. Quando o adolescente comete suicídio ele não quer matar a vida, ele quer matar a dor, o sofrimento. A automutilação por exemplo não é para que se machuquem, não é uma coisa efêmera, é porque o que o adolescente está sentindo dói tanto, que ele tenta causar uma dor física para aliviar essa dor emocional, destaca Adriely.

Adriely complementa que a sociedade precisa ter mais empatia com o próximo, para que cuidem da nova geração, pois eles que estarão em nosso lugar no futuro. Ninguém precisa ser igual a ninguém. Precisamos desenvolver a empatia, fazer com que percebam que o que dói em mim também dói no outro, se eu não quero para mim eu não vou fazer com o outro. Os adolescentes são a geração do futuro, precisamos levar isso de uma forma positiva, para que a gente se torne uma sociedade mais justa e mais realista em todos os âmbitos, finaliza a psicóloga.

Condições em adolescentes
Em todo o mundo, estima-se que 10% a 20% dos adolescentes vivenciam problemas de saúde mental, mas permanecem diagnosticados e tratados de forma inadequada. Sinais de transtornos mentais podem ser negligenciados por uma série de razões, tais como a falta de conhecimento ou conscientização sobre saúde mental entre trabalhadores de saúde ou o estigma que os impede de procurar ajuda.