Os valores e princípios do chimarrão

Saiba a origem e os benefícios da bebida típica da região Sul do Brasil

O chimarrão (ou mate) é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul. É um hábito legado pelas culturas indígenas quínchas, aimarás e guaranis. É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água morna.

O chimarrão é montado com erva-mate moída, adicionada de água quente (sem ferver, aproximadamente 70°C). Tem gosto mais ou menos amargo, dependendo da qualidade da erva-mate, que, pronta para o uso, consiste em folhas de ramos finos, secos e triturados, passados em peneira grossa, de cor que varia do verde ao amarelo-palha, havendo uma grande variedade de tipos, uns mais finos, outros mais encorpados, vendidos a diversos preços. O predomínio de folhas ou talos em sua composição, variam de região para região.

Um aparato fundamental para o chimarrão é a cuia, existem dois modelos mais comuns, as uruguaias, também chamadas de gajeta ou coquinhos, são menores e mais usadas quando se quer tomar o mate sozinho. Além disso, elas têm a vantagem de possibilitar um consumo rápido, antes que a água esfrie. A cuia gaúcha, ou bago de toro, é aquela que é desenhada pelo porongo. Geralmente tem um pescoço curto e o fundo mais arredondado. São as mais tradicionais e muito utilizadas quando se compartilha o chimarrão. Tão importante, histórico, simbólico e característico ao Paraná quanto a gralha azul e a araucária, foi homenageado como um ramo de erva-mate em na bandeira estadual verde e branca.

A bomba deve ser preferencialmente de aço inoxidável, pois não deixa gosto e não interfere na bebida.

Já a erva, é preciso cuidar a data de fabricação da, quanto mais nova melhor. Ela deve ser sempre armazenada no freezer, por ser sensível e se modificar muito com o tempo. As baixas temperaturas mantêm por mais de dois anos os sabores originais da erva-mate.

Benefícios
Estudos detectaram, na bebida, a presença de muitas vitaminas, como as do complexo B, a vitamina C e a vitamina D, e de sais minerais, como cálcio, manganês e potássio. Combate os radicais livres. Auxilia na digestão e produz efeitos antirreumático, diurético, estimulante e laxante. Não é indicado para pessoas que sofrem de insônia e nervosismo, pois é estimulante natural. Contém saponina, que é um dos componentes da testosterona, razão pela qual melhora a libido.

É considerada ainda, um ótimo remédio para a pele e reguladora das funções cardíacas e respiratórias, além de exercer importante papel na regeneração celular.

Há pessoas que só iniciam o dia depois de beber o mate amargo, tem também aquelas que não dispensam a bebida ao fim do dia, curtindo o pôr do sol ou na varanda de casa com a sensação de dever cumprido. O chimarrão é uma instituição dos gaúchos, matear já se tornou um verbo. Passar a cuia de mão em mão é um momento de união e aconchego. Do ponto de vista social, servir um mate a um visitante demonstra a hospitalidade do gaúcho, o quão confortável e aberto ele é para uma prosa. Esse costume faz com que todos se sintam em casa e acolhidos. Um gesto simples, mas que diz muito sobre as pessoas do sul do Brasil.

Dois laranjeirenses contam sobre como aprenderam a tomar chimarrão e como se tornou hábito para eles tomarem todos os dias.

Douglas Trindade não tinha o hábito de tomar chimarrão, mas conta que agora aderiu ao ‘mate’. Em casa minha família sempre tomou. Eu comecei a tomar depois de grande, e não gostava muito. Meio que me acostumei, agora passei a gostar e tomo quase todo dia, a erva tem vários estimulantes naturais e quando bebo, sinto que me dá mais energia, diz Douglas.

Francieli Kraus aprendeu a saborear o chimarrão com os pais e avós, complementa sobre como ela se sente bem depois de um bom mate. Cresci vendo meus pais e avós em volta do fogão bem cedo (madrugada), antes de qualquer coisa vinha o chimarrão. Depois que peguei uma certa idade, até demorei devido ao costume vindo de berço, comecei a gostar e fazer parte das rodas de mate nas tardes, e assim, pegamos gosto. Meu marido Leandro não tomava e dizia ser loucura tomar água quente, mas agora aprendeu e temos nossa própria roda de conversa, conta Francieli.

A laranjeirense completa que o chimarrão proporcionou mais tempo com os amigos e familiares. A hora do chimarrão é um momento de descontração, relaxar, falar sobre a vida. São momentos e conversas que não tem preço, finaliza Francieli.