A tatuagem é uma linguagem universal, gravada na pele. As razões que levam um indivíduo a tatuar-se são complexas, senão esotéricas. O estudioso da simbologia das tatuagens, Chistopher Goth aponta várias delas: desejo de camuflar o corpo para a caça, atravessar certas passagens dificultosas da vida, como puberdade, abrandar maus espíritos, conquistar o respeito do grupo social em que vive.
No mundo do crime elas contam histórias, mostram quem é o preso, o crime cometido por ele e o que a população carcerária deve sentir por eles, medo ou desprezo. Na delegacia de Laranjeiras do Sul, existem hoje 92 presos e destes, cerca de 80 possuem tatuagens. A grande maioria já vem com as tatuagens feitas das ruas, mas alguns fazem marcas após a prisão.
O carcereiro Volnei Dill comentou que antigamente eles tinham uma máquina para fazer tatuagem. Os presos que faziam as tatuagens saíram e a máquina foi tirada. Não foi permitido entrar outra, afirma o carcereiro. A máquina não era profissional, mas fabricada pelos próprios presos. Eles desenhavam riscos, contornos, letras e estrelas, termina Volnei.
As tatuagens e seus significados:
A estrela com cinco pontas – chefe de quadrilha, homicida.
Três sepulturas – corpo fechado e guarda segredos.
Serpente – dedo duro ou traidor.
Pintas no rosto ou sereia – estupradores
Imagens de santos – Latrocínio e arrependimento
Enorme cruz – bandido ponta firme.
Flor, borboletas e frase – homossexuais
Punhal cravado num coração – matador de PM’s
Pistola – latrocínio
Caveira trespassada por um punhal – matador de policiais
Folha de maconha ou escorpião – viciado ou traficante de drogas
Cruz com duas velas acesas na base – bandido de alta periculosidade homicida
Palhaço – formação de quadrilha ou bando.
Âncora – homem de confiança
Fonte: Dermânio Lima Ribeiro, em Imagens e relatos da violência urbana.