Bolsonaro culpa indústria por compra fracassada de seringas
O presidente destacou que o Brasil consome 300 milhões de seringas por ano e que é um dos maiores fabricantes desse material.
O presidente Jair Bolsonaro responsabilizou nesta quarta-feira (06), a indústria pelo fracasso do governo na aquisição de seringas. Ele afirmou que a compra do produto está suspensa até que “os preços voltem à normalidade”.
“Como houve interesse do Ministério da Saúde em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam e o MS suspendeu a compra até que os preços voltem à normalidade”, disse.
Segundo ele, os entes da Federação contam com estoque suficiente para uma primeira etapa de imunização. “Estados e municípios têm estoques de seringas para o início das vacinações, já que a quantidade de vacinas num primeiro momento não é grande”, declarou.
No dia 29 de dezembro, o governo fez uma requisição de estoques excedentes de agulhas e seringas na indústria nacional. O Ministério da Saúde só conseguiu lances válidos para 7,9 milhões das 331 milhões de seringas e agulhas procuradas por meio de pregão eletrônico.
Após a tentativa frustrada de adquirir os itens, a pasta iniciou ontem as negociações de uma nova requisição de estoques excedentes dos produtos na indústria nacional. A expectativa é garantir a entrega de 30 milhões de unidades em janeiro. Além dessa requisição, o governo federal também restringiu a exportação dos produtos e deve retirar impostos para a importação.
Em sua publicação nas redes sociais nesta quarta, Bolsonaro reiterou críticas à imprensa pela divulgação da vacinação em outros países. Ele minimizou as campanhas internacionais em andamento e ressaltou que poucas doses da vacina da Pfizer foram adquiridas por outras nações.
“Por volta de 44 países estão vacinando, contudo, a Pfizer vendeu para muitos desses, apenas 10 000 doses. Daí a falácia da mídia como se estivessem vacinando toda a população”, disse.
Na lista divulgada pelo presidente, Holanda, Japão e Brasil são citados como países que ainda não iniciaram a vacinação. Os Estados Unidos e o Reino Unido aparecem como os únicos com mais de um 1% de sua população vacinada. China, Rússia, Canadá, Itália, Chile, México, Alemanha e Argentina, todos com menos de 1%, também são mencionados.
Ficou de fora da listagem, por exemplo, Israel, que já vacinou mais de 10% de sua população e já foi inclusive classificado como uma “inspiração” para o Brasil por Bolsonaro em declarações anteriores.
Na terça-feira (05), o presidente realizou uma visita técnica no Ministério da Saúde, em que recebeu atualizações sobre a estratégia de vacinação no País e as negociações de compras de imunizantes, seringas e agulhas. Ele não deu declaração à imprensa sobre a reunião, que durou cerca de duas horas.
Para apoiadores no retorno ao Palácio da Alvorada, o presidente citou a pressão para iniciar a vacinação e disse que “criaram pânico perante a população”.
Nesta manhã, o chefe do Executivo se reúne com a cúpula de ministros no Palácio do Planalto. O encontro não constava na agenda oficial do chefe do Executivo no início do dia, mas foi confirmado pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).