Campanha ‘Dia Mundial Sem Tabaco’ alerta sobre inúmeros tumores ligados ao tabagismo
Os principais tipos estão os cânceres de cabeça e pescoço, boca, laringe e faringe. Além disso pode aumentar o risco de câncer de rim, colo de útero, fígado, bexiga, pâncreas, estômago e colorretal
O tabagismo, uma doença crônica decorrente da dependência da nicotina presente em produtos de tabaco, afeta cerca de 9,3% dos adultos brasileiros com 18 anos ou mais, de acordo com dados do Vigitel 2023. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tabagismo está associado a vários tipos de câncer, especialmente o câncer de pulmão, mas não apenas a ele.
Campanha
Para alertar sobre os perigos do uso do tabaco, foi criada a campanha “Dia Mundial Sem Tabaco”, celebrada ontem (31). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo mata aproximadamente 8 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo, 7 milhões de fumantes ativos e 1,3 milhão de fumantes passivos.
Segundo o oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), William Nassib William Junior, o cigarro contém inúmeras substâncias cancerígenas. Quando inaladas, essas substâncias chegam facilmente aos pulmões. “Essas substâncias entram na corrente sanguínea e aumentam o risco de desenvolvimento de cânceres não só nos pulmões, mas também em outros órgãos”, explica.
Cânceres
Entre os principais tipos de câncer relacionados ao tabagismo estão os cânceres de cabeça e pescoço, incluindo câncer de boca, laringe e faringe. Além disso, o tabagismo aumenta o risco de câncer de rim, colo de útero, fígado, bexiga, pâncreas, estômago e colorretal.
Conforme o uro-oncologista e cirurgião robótico, André Berger, o tabagismo é a principal causa de câncer de bexiga. “Os tabagistas têm três vezes mais chances de desenvolver esse tipo de câncer em comparação aos não fumantes”, afirma. A doença está associada ao tabaco devido às substâncias carcinogênicas que danificam o DNA das células do urotélio.
Os principais sintomas de alerta para o câncer de bexiga incluem sangramento, aumento da frequência urinária e ardência ao urinar. O diagnóstico pode ser feito com ressonância magnética e tomografia de abdômen e pelve. “A prevenção do câncer de bexiga inclui campanhas para cessação do tabagismo, controle da exposição a agentes químicos como benzeno e conscientização sobre a doença”, destaca Berger.
As leucemias mieloides agudas também têm seu risco aumentado em pacientes tabagistas, conforme William Junior. “O tabagismo é um fator de risco extremamente importante para o câncer. Estima-se que aproximadamente 20% de todos os cânceres sejam causados pelo tabagismo e, nos Estados Unidos, 30% das mortes relacionadas ao câncer são devidos a tumores associados ao tabaco”, afirma.
Boca, laringe e estômago
No caso dos cânceres de boca e laringe, substâncias como benzeno, formaldeído, acroleína e nitrosaminas presentes no tabaco entram em contato com as células da cavidade oral e causam mutações que podem resultar em tumores. O Inca estima 15 mil novos casos de câncer de boca e 10 mil de câncer de laringe por ano até 2025.
Fumar também aumenta o risco de câncer de estômago, especialmente na região da cárdia, próxima ao esôfago. Substâncias cancerígenas da fumaça do cigarro podem ser ingeridas e atingir o estômago. Em 2020, 14 mil pessoas morreram de câncer de estômago, e 21 mil novos casos são esperados anualmente até 2025, segundo o Inca.
Tabagismo passivo
Mesmo quem não fuma, mas convive com fumantes, pode ter um risco maior de desenvolver câncer. O tabagismo passivo, a inalação da fumaça de derivados do tabaco, expõe as pessoas a mais de 7 mil compostos químicos, dos quais pelo menos 69 podem causar câncer, segundo a American Cancer Society e a American Lung Association.
O Inca afirma que a fumaça que sai da ponta do cigarro contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça inalada pelo fumante.
Controle ao tabagismo
William Junior ressalta a alta incidência e mortalidades associadas a esses tipos de câncer no Brasil e a necessidade de expandir essa compreensão para melhor prevenir e combater os efeitos devastadores do tabaco na saúde. “Ao eliminar o hábito de fumar, podemos reduzir significativamente os altos índices de diagnósticos de câncer. O primeiro passo é entender os impactos negativos do cigarro na saúde. O segundo passo é buscar orientação médica, pois hoje existem tratamentos eficazes para quem deseja parar de fumar”, acrescenta.
A cessação do tabagismo é crucial para diminuir tanto o risco de desenvolvimento de câncer quanto para aumentar o sucesso do tratamento, com menor chance de recidiva.
Reprodução CNN Saúde.