Dieta mediterrânea pode melhorar memória e cognição

Os benefícios desse padrão alimentar é realizado devido às alterações que promove no equilíbrio das bactérias intestinais

Reconhecida mundialmente por seus benefícios à saúde, a dieta mediterrânea foi eleita a melhor dieta de 2025 pela U.S. News & World Report, marcando o sexto ano consecutivo no topo. Recentemente, um estudo apontou que esse padrão alimentar pode melhorar a memória e a cognição, possivelmente devido às alterações que promove no equilíbrio das bactérias intestinais.

A pesquisa, publicada no Gut Microbes Reports, foi conduzida pela Escola de Medicina da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos. Os cientistas observaram que quem segue a dieta mediterrânea tende a apresentar um microbioma intestinal distinto em relação a quem adota uma dieta ocidental típica, rica em gorduras saturadas e carboidratos refinados. Essas diferenças bacterianas foram relacionadas a uma melhor performance cognitiva e de memória.

“Já sabemos que a alimentação tem impacto na função cerebral, mas nosso estudo investiga como isso acontece”, explicou Rebecca Solch-Ottaiano, pesquisadora da Tulane e principal autora do estudo. “As descobertas indicam que as escolhas alimentares podem influenciar diretamente o cérebro ao moldar o microbioma intestinal.”

Características

Com base em alimentos frescos e naturais, a dieta mediterrânea privilegia frutas, vegetais, cereais integrais, peixes, nozes e azeite de oliva como principal fonte de gordura. O consumo de carne vermelha e gorduras saturadas é minimizado, enquanto carnes magras e especiarias são incentivadas.

Detalhes do estudo

Utilizando camundongos com idades equivalentes a 18 anos humanos, os pesquisadores alimentaram um grupo com uma dieta mediterrânea rica em azeite, peixe e fibras durante 14 semanas. Em outro grupo, foi utilizada uma dieta ocidental rica em gorduras saturadas. Ao final do período, os camundongos submetidos à dieta mediterrânea apresentaram maior presença de quatro tipos de bactérias benéficas no intestino e redução de cinco tipos de microrganismos associados a funções cognitivas inferiores.

Essas mudanças no microbioma refletiram-se em um desempenho superior em testes de memória e aprendizado, como desafios de labirinto. Por exemplo, a bactéria Candidatus Saccharimonas foi associada a melhores resultados cognitivos, enquanto níveis elevados de Bifidobacterium estavam ligados a uma memória menos eficiente.

Os roedores que seguiram a dieta mediterrânea também demonstraram maior flexibilidade cognitiva, ou seja, a capacidade de se ajustar a novas informações, além de melhor memória de trabalho.

Implicações

Esse é o primeiro estudo a explorar os efeitos da dieta mediterrânea no microbioma intestinal e no desempenho cognitivo em comparação com a dieta ocidental em modelos animais. As dietas utilizadas refletiram a complexidade dos hábitos alimentares humanos.

“Esses achados sugerem que os benefícios da dieta mediterrânea poderiam ser aproveitados para melhorar o desempenho acadêmico em adolescentes e o rendimento no trabalho em jovens adultos”, afirmou Demetrius M. Maraganore, autor do estudo. Ele acrescentou que as conclusões, apesar de promissoras, ainda necessitam de validação em estudos realizados com humanos.
Os pesquisadores reforçam a necessidade de mais investigações para compreender a interação entre dieta, microbioma intestinal e função cerebral em diferentes faixas etárias, abrindo caminho para novas abordagens no cuidado com a saúde mental e cognitiva.