Especialista fala sobre a importância da nutrição comportamental
Para a nutricionista Bárbara Vasconcelos, o primeiro passo é entender que os comportamentos influenciam no ganho e perda de peso. “A comida não é sua inimiga”
A nutricionista Bárbara Vasconcelos Levandoski, de Laranjeiras do Sul, explica que a nutrição comportamental vai além da dieta tradicional, focando na mudança de hábitos e comportamentos em relação à comida. “É importante entender que muitas vezes são os comportamentos que influenciam no ganho ou perda de peso, e isso tem origem na nossa mentalidade”, afirma.
Como funciona?
Apesar da grande quantidade de informações sobre alimentos e dietas, as pessoas continuam enxergando a comida como grande inimiga. A nutrição comportamental tem como objetivo mudar essa relação, fazendo com que as pessoas sintam prazer, e não culpa em comer. Equilíbrio.
De acordo com a nutricionista, esse método considera os aspectos emocionais, fisiológicos e sociais da alimentação. A mudança do comportamento alimentar proposta pelo método envolve estratégias de aconselhamento nutricional, técnicas do comer intuitivo, terapia cognitivo-comportamental, entrevista motivacional e táticas para comer com atenção plena.
“A nutrição comportamental não se restringe somente à obesidade, mas é indicada para qualquer indivíduo que mantenha uma relação complexa com a comida, incluindo aqueles que sofrem de transtornos alimentares como bulimia, anorexia e compulsão alimentar, pois tais transtornos têm suas origens nos comportamentos alimentares”, detalha.
Abordagem
Bárbara ressalta que essa abordagem é especialmente recomendada para pessoas que já experimentaram diversas dietas sem sucesso, frequentemente sofrendo com o efeito sanfona. Esses indivíduos muitas vezes não exploraram como suas emoções influenciam suas escolhas alimentares e como lidar com essas questões emocionais. A mudança nos hábitos alimentares emocionais, como evitar usar a comida como válvula de escape, é crucial para uma relação duradoura e saudável com a comida. “Nessa prática, acontece uma abordagem defendendo a real importância de entender como se come e não o que se come. Ou seja, mostrar que o foco e entender as relações envolvidas no ato de se alimentar ao invés de apenas contar calorias. Onde se come, quando, com quem, qual o sentimento, quais as dificuldades”, explica.
Relação profissional x paciente
Por não se basear em dietas, a melhor forma de utilizar essa estratégia para ajudar os pacientes é através da orientação nutricional e da comunicação. “O acompanhamento deste método é recomendado não apenas nos casos de transtornos alimentares, mas para qualquer pessoa que enfrente dificuldades com sua relação com a comida. A terapia é incentivada sempre que possível, e nos casos de transtornos alimentares, é essencial o acompanhamento de um nutricionista, psicólogo e, em alguns casos, de um psiquiatra, para um tratamento multidisciplinar eficaz”, afirma Bárbara.
Autoestima
A nutricionista ressalta que na nutrição comportamental, devido ao foco nos sentimentos e comportamentos em relação à comida, a autoestima é frequentemente um tema presente, pois está intrinsecamente relacionada aos hábitos alimentares. Embora em outras abordagens esse aspecto possa não receber tanto destaque, na nutrição comportamental é considerado essencial para uma mudança significativa e duradoura na relação com a comida e com o corpo. “É inegável que a nutrição e a relação com o corpo estão intimamente conectadas à autoestima. Com o impacto das redes sociais e da comparação constante com os outros, a autoestima pode ser prejudicada, levando as pessoas a se compararem e, por vezes, esquecerem de seu próprio potencial. Por isso o acompanhamento psicológico e a nutrição comportamental são indicados e essenciais”, finaliza Bárbara.