Janeiro Branco: como tratar ansiedade antes que se torne patologia

Em entrevista ao Correio do Povo, a psicóloga de Cantagalo Nezia dos Santos fala sobre a importância do autocuidado com a saúde mental

Lançada em especial no primeiro mês do ano, a campanha do Janeiro Branco surge com o objetivo de chamar a atenção da população para o autocuidado e a saúde mental, já que é neste período, em termos simbólicos e culturais, que as pessoas estão mais propensas a repensarem suas vidas.

A partir do lema “O Mundo Pede Pela Saúde Mental”, a psicóloga clínica com foco em transtorno de ansiedade Nezia dos Santos, em entrevista exclusiva ao Correio do Povo, dá dicas de como se organizar para lidar com a ansiedade. Confira a seguir:

Correio: Como perceber que a ansiedade está virando uma patologia?

Nezia: Quando se tem prejuízo social, na vida afetiva e no trabalho. A ansiedade se dá pelo fato de não conseguir conviver com o presente, com um sentimento excessivo de medo do futuro. Então há esse dano que faz com que as pessoas fiquem cada vez mais retraídas.

Correio: Quais são os sintomas frequentes?

Nezia: No caso das questões emocionais, como o corpo está reconhecendo esse perigo em várias situações, e de maneira desproporcional, os sintomas físicos se tornam visíveis, como: dificuldade para dormir, de concentração, sensação de taquicardia e sudorese. Existem casos em que a ansiedade é associada à mania, onde os pacientes arrancam os cabelos, roem unhas ou ficam balançando as pernas.

Correio: Qual é a forma de tratamento mais indicada?

Nezia: Uma das formas de não permitir que esses sentimentos se tornem recorrentes é investir em autoconhecimento através da terapia. Infelizmente, ainda existe muito tabu envolvido ao tratamento. As pessoas alegam ter medo de procurar um profissional, mas na verdade o medo é do julgamento. Quando finalmente encontram ajuda, muitas vezes é porque já chegaram ao limite.

Muitas pessoas vão à terapia pedindo para eliminar a ansiedade, o que é impossível. O que pode ser feito é treinar novamente o corpo para que ele reconheça os perigos reais e que apresente as emoções condizentes com aquele período.

Quando o paciente chega até o consultório com sintomas, de início buscamos identificar como funciona a frequência cardíaca durante uma crise e como ela aumenta e/ou diminui. Para isso, há uma técnica que ensina o paciente a respirar lentamente, fazendo com que ele relaxe, sinta a sua reação corporal e entenda os próprios sentidos e pensamentos do momento. Isso que é a terapia e tratamento psicológico.

Correio: Além da terapia, quais outras práticas controlam a ansiedade?

Nezia: A junção de uma boa alimentação, boa noite de sono, a prática de exercícios que exijam concentração, como ioga e meditação auxiliam para que o corpo relaxe e a mente fique tranquila. Entretanto, nada disso pode substituir a terapia. As práticas fora do consultório devem continuar ligados ao tratamento com o psicólogo.

Correio: Na sua opinião, qual a importância do Janeiro Branco?

Nezia: Buscar ajuda é, sobretudo, um ato de coragem. É isso que divulgamos no Janeiro Branco. Aqui, nós falamos da importância da ioga, respiração e terapia. Todos esses movimentos promovem qualidade de saúde, de vida e saúde mental.

Quando se está doente, procura-se o médico em busca de um remédio. Por que não fazer isso pela saúde mental? Por que não buscar ajuda quando está muito desgastante ou quando já se tornou uma patologia?

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