Síndrome do Burnout e a saúde mental no ambiente de trabalho
A síndrome pode apresentar sinais como exaustão, falta de energia e baixa realização profissional dentre outros sintomas
A Síndrome de Burnout se caracteriza pela exaustão emocional, falta de energia e baixa realização profissional. A condição, definida pela OMS como “resultante de um estresse crônico associado ao local de trabalho que não foi adequadamente administrado”, passou a ser reconhecida como fenômeno ocupacional.
“O Burnout apresenta três dimensões que são: a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional. A exaustão emocional, é um esgotamento. A imagem que a gente pode fazer é de um palitinho de fósforo que queimou até o final. Então, se esgotou em termos de combustível, acabou”, explica a psicóloga Miryam Mazieiro, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Diferentes fatores contribuem para que as pessoas permaneçam mais tempo “ligadas” ao trabalho. Novas tecnologias, a grande competição no mercado de trabalho, a necessidade de se produzir mais e mais rápido e o aumento da modalidade de trabalho em casa são algumas questões que tornam difícil desconectar a mente.
Para os especialistas, esse tipo de rotina pode acelerar um desgaste físico e emocional.
“O termo Burnout foi criado há mais ou menos 50 anos. E ele serve para designar um conjunto de sintomas e alterações que as pessoas sentem quando estão expostas a um estresse prolongado no trabalho, que elas não conseguem lidar de uma maneira positiva”, explica Eduardo de Castro Humes, coordenador do Ambulatório da Divisão de Psiquiatria e Psicologia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
A psiquiatra Alexandrina Maria Meleiro, da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, afirma que o Brasil se tornou um país propício para o desenvolvimento dessa condição. “O Brasil é o primeiro país no mundo no índice de ansiedade – 9,3% dos brasileiros têm ansiedade. E é o quinto no mundo de depressão, só perdendo na América para os Estados Unidos. Então, nós temos uma incidência muito alta, uma prevalência de depressão e ansiedade e claro que isso atinge o trabalhador. Em média, 30% são afastados e é um dos motivos de mais incapacidade para o trabalhador”, afirma Alexandrina.
Os indivíduos diagnosticados com essa doença passam a ter as mesmas garantias trabalhistas e previdenciárias previstas para as demais doenças do trabalho.
Especialistas destacam como algumas profissões ficaram mais propensas a ter trabalhadores acometidos pela síndrome durante a pandemia de Covid-19. Por exemplo, os trabalhadores da área de saúde, submetidos a situações de extremo estresse, tendo que lidar com perdas muito significativas, com o medo de contaminação, com incerteza às vezes com condições de trabalho que não são favoráveis.
Sinais podem indicar problemas na saúde mental
• Diminuição importante de energia e cansaço excessivo;
• Alterações de sono;
• Diminuição da concentração;
• Dificuldade para manter os compromissos em ordem;
• Dificuldade para sentir prazer em atividades que anteriormente eram agradáveis;
• Irritabilidade excessiva;
• Dificuldade de fazer planos;
• Diminuição do autocuidado e higiene;
• Dores e desconfortos sem causa física aparente.