Intercambistas da Cantu compartilham suas experiências no Ganhando o Mundo

Iasmin Lerner de Nova Laranjeiras, Eduardo Pagliarini e Alex Santelli Jr de Rio Bonito do Iguaçu e Eduarda Wolff de Laranjeiras retornaram há um mês e são embaixadores do projeto

Há um mês, os mil alunos contemplados pelo programa de intercâmbio ‘Ganhando o Mundo’, retornaram para casa, trazendo consigo uma bagagem lotada de conhecimento e experiências. Para tanto, o Jornal Correio do Povo recebeu ontem (23), junto da coordenadora do programa no Núcleo Regional de Educação de Laranjeiras do Sul, Simone Gomes, quatro alunos, que contam sobre a sua participação. Confira como foi viver um sonho com Iasmin Lerner de Nova Laranjeiras, Eduardo Maia Pagliarini, Alex Sandro Santelli Junior de Rio Bonito do Iguaçu e Eduarda Wolff de Souza, de Laranjeiras.

Iasmin

O destino desejado por Iasmin não era Canadá, primeiramente. Inglaterra era o país escolhido, mas como ela mesmo disse, nem lembrou disso ao desembarcar na terra das montanhas nevadas. “Fui muito bem recebida pela minha host-family, e todos me trataram super bem desde o começo. Sempre fui auxiliada quanto ao meu inglês, já que a minha escola recebe muitos intercambistas”, disse ela.

Iasmin brinca que vários momentos ficarão marcados, já que tudo que viveu parece um sonho. “Sempre saí com a família e amigos, mas ver a neve e viver na escolas com todos os armários, foi inexplicável. Lembro, inclusive, de levar vários amigos para uma trilha de bike em que achei ter 5 quilômetros, mas eram 30. Foi cansativo mas memorável”, relembra.

Quando falado em voltar para lá, a resposta foi mais que precisa. “Sim, penso em voltar, rever meus amigos e a família que tanto me tratou bem”, completa.
Para a mãe de Iasmin, Rosemari, que também é diretora em Nova Laranjeiras, um dos pontos que marcaram a viagem foi a saudade. Mesmo que a comunicação fosse regular, no meio da viagem, a perda do filho quase mudou os rumos da viagem. “Sempre a incentivei muito para que estudasse e seguisse os sonhos. Infelizmente, perder meu filho foi de uma tristeza imensurável, ainda mais com ela longe. Orientei para que ela continuasse lá e seguisse o sonho até o final. Hoje, estou muito feliz por tê-la em casa conosco novamente”, disse.

Eduardo

Diretamente de Rio Bonito do Iguaçu, Eduardo desembarcou na Austrália, na ilha de Tasmânia, para ser mais exato. “Minha experiência na Austrália foi extraordinária. A acolhida da minha família anfitriã e a convivência na escola foram extremamente positivas. As pessoas foram muito receptivas e amigáveis, o que fez toda a diferença. Além disso, tive a oportunidade de fazer muitos amigos, tanto brasileiros quanto australianos, e a presença dos brasileiros foi especialmente valiosa, pois nos ajudamos mutuamente, principalmente nas dificuldades com o idioma”, disse ele.

Eduardo relata que a família anfitriã desempenhou um papel fundamental, oferecendo suporte com o inglês, especialmente no início. Com o tempo, a comunicação se tornou muito mais fluida e tranquila.
Outro destaque da experiência foi a exploração dos diversos lugares que família o apresentou. “Fui para a Ilha da Tasmânia e também para Melbourne, conhecendo um pouco da Austrália continental. Sem dúvida, foi uma vivência incrível. Além disso, conheci muitos animais exóticos, como as aranhas gigantescas, os cangurus noturnos e o diabo da Tasmânia, que fica em zoológicos”, completa.

Alex

O jovem bonitense foi um dos 250 alunos selecionados para uma experiência de intercâmbio na Nova Zelândia. Ele descreveu a viagem como desafiadora, mas incrivelmente gratificante.

“Resumir toda a experiência que eu passei é muito difícil, mas se fosse para começar desde o início, eu diria que a parte mais difícil foi a viagem. Daqui para a Nova Zelândia são muitas horas de viagem, o que cansa bastante. Mas, quando cheguei lá, valeu muito a pena”, contou Alex.
Ele foi recebido calorosamente pela sua host family e destacou algumas semelhanças entre o Brasil e a Nova Zelândia. “Não sei como explicar, mas, apesar de não ser exatamente igual ao Brasil, a Nova Zelândia tem suas semelhanças. As estruturas são um pouquinho diferentes, mas parecia que eu estava em um estado brasileiro que nunca tinha visitado. Fui conhecendo mais o lugar e as pessoas.”

Alex admitiu que o inglês foi um desafio no início, mas com o tempo e a ajuda de sua host family, ele melhorou significativamente. “Eles me mostraram muitas experiências novas, que vou lembrar para o resto da vida.”

A receptividade das pessoas na Nova Zelândia foi um dos pontos altos da viagem para Alex. “Todos são muito bem educados, gentis e divertidos. Fiz muitos amigos, e isso valeu muito a pena.”

Sobre a culinária local, ele comentou: “Eu não era fã de comida apimentada, mas acabei me acostumando, pois grande parte do cardápio neozelandês inclui pimenta. Isso foi uma grande mudança, comparado ao arroz e feijão que temos aqui. Além disso, lá eles não têm a cultura do almoço, o que é bem estranho para nós brasileiros.”

Alex também explorou a geografia impressionante da Nova Zelândia, destacando suas montanhas, praias e vales. “Pude conhecer muitos lugares incríveis, foi muito legal.”

A experiência escolar foi especialmente marcante. “Uma das melhores partes do intercâmbio foi a escola. Fiz muita amizade lá. Se eu pudesse dar um conselho para futuros intercambistas, seria: não tenham medo de se enturmar. O povo de lá me viu como uma novidade, e mesmo quando eu errava no inglês, eles riam, mas me incluíam no grupo. Fiz amizades em vários grupos da escola, e isso foi maravilhoso.”

Sobre o futuro, Alex expressou seu desejo de retornar à Nova Zelândia, mas não tão rapidamente. “Ainda tenho muita coisa para fazer aqui no Brasil. Talvez em uns cinco anos eu volte para visitar meus amigos de lá. Inclusive, mantenho contato com a maioria deles até hoje. E é isso, quando eu voltar, terei muitos lugares para visitar graças a essas amizades.”

Eduarda
Eduarda, que também foi para o Canadá, compartilhou suas impressões e vivências. Inicialmente, ela tinha grandes expectativas e esperava que fosse o melhor semestre de sua vida. “Minha expectativa antes era muito grande. Eu estava esperando que fosse o melhor semestre e realmente foi”, comentou.

No início, Eduarda enfrentou medos e incertezas. “Era uma semana que eu estava com muito medo, pois não tinha tido muito contato com a minha host family e estava receosa de ir. Mas, no ônibus, enquanto saía do aeroporto até a casa, pensei: ‘Vai passar rápido, vai dar tudo certo’. Mesmo que eles não fossem legais, sabia que daria tudo certo e logo eu estaria de volta para casa. E, de fato, passou muito rápido”, relembra.

Ao chegar no Canadá, a recepção foi calorosa. “Foi maravilhosa. Desde o segundo dia, eu já me sentia parte da família. Eles realmente me acolheram como se eu fosse filha deles. Hoje em dia, é estranho ver as coisas que fazíamos juntos, parece que sou eu quem estou fazendo intercâmbio aqui e vou voltar. Eles me trataram muito bem desde o primeiro dia, sempre com muita paciência com o inglês e me ajudaram em tudo. Vou ser eternamente grata por tudo que fizeram por mim”, disse Eduarda.

A neve e o clima canadense foram algumas das experiências mais marcantes para Eduarda. “Parece uma experiência de filme. O que mais me lembra é a neve, um clima totalmente diferente do que eu já tinha experimentado. Brincar na neve, esquiar, todas essas coisas típicas de lá marcaram muito para mim. Foi uma experiência totalmente diferente do que eu já tinha vivenciado antes”, relatou.
A interação no colégio foi outro ponto positivo. “As pessoas lá são muito legais e educadas. Desde a primeira vez que te veem no supermercado, já são super simpáticos. Na escola, os professores me impactaram muito, mudaram minha visão sobre várias coisas. Eles são muito legais e pacientes com o inglês. As matérias são um pouco diferentes, mais práticas. E os colegas também, sempre muito abertos a ajudar”, destacou.

Eduarda voltou com uma bagagem cultural rica, que compartilhou com sua família e amigos no Brasil. “Minha família, e até um pouco minha host mom, começaram a falar um pouco de português. No final, eu falava algo em português e ela entendia. Eles se interessavam muito pela culinária, gostaram do brigadeiro que fiz, e pelas belezas naturais do Brasil. Querem muito vir para cá. Meus amigos também, todos conheciam o Rio de Janeiro e ficaram impressionados com o país.”

Ganhando o Mundo

Criado em 2019 pelo Governo do Estado e desenvolvido pela Secretaria da Educação como uma iniciativa de intercâmbio estudantil, o Ganhando o Mundo já levou 1.240 estudantes da rede estadual de ensino para países de língua inglesas da América do Norte, Europa e Oceania.

A coordenadora do programa no NRE de Laranjeiras, destacou a evolução e o impacto do programa nas vidas dos estudantes. “Na primeira edição, enviamos dois alunos para o Canadá. Na segunda, dois alunos para a Austrália. A terceira edição contou com 50 alunos indo para a França. A quarta edição foi um salto significativo, com mil alunos envolvidos,” relatou Simone.

Ela ressaltou o impacto transformador do intercâmbio. “Eles voltam diferentes, amadurecidos, responsáveis e autônomos, com novos projetos. Retornam como embaixadores, representando suas escolas e municípios. Não é apenas um semestre letivo, é uma experiência para a vida toda.”

Simone também destacou a importância da educação. “Infelizmente, a educação não está em primeiro plano hoje. Muitos adolescentes vão à escola forçados e não têm o hábito de leitura. O estudo é algo que levamos para a vida inteira e ninguém pode tirar de nós.”