Presidenta do Seleto, Suzana Souza tem conduta firme na pandemia e busca popularização do clube em Maringá
Ex-atleta, ela é uma das duas mulheres à frente dos principais clubes de futsal masculino do Paraná
Se antes o futsal fora tido como esporte de homem, os tempos mudaram – para melhor – e agora a mulher, além de ter um estadual forte, também está à frente na tomada de decisões dos clubes que atuam no certame masculino. É bem verdade que o percentual é pequeno, já que apenas dois dos 26 principais clubes do estado possuem mulheres como presidente.
É o caso de Fernanda Merino, no comando da Apaf, de Paranaguá, que disputa a Série Prata, e de Souza Souza, que dirige o Seleto de Maringá, na segundona disputa por homens e na elite pleiteada pela mulherada.
Com 33 anos, Suzana Souza tem na família laços fortes ligados ao futsal. O pai, a mãe, tios e tias foram jogadores maringaenses. Ela mesma, por exemplo, iniciou a carreira em 1999, inclusive vestindo a camisa do Seleto.
As mulheres num esporte criado para homens
De acordo com Suzana, ainda há machismo dentro do futsal. “Não é fácil comandar uma entidade de um esporte que já foi só para o homem. Nem sempre entendem ou muitas vezes acham que minha opinião ou determinações dentro da associação é pelo fato de ser mulher e não por conhecer o esporte”, crava.
No entanto, ela se inspira nos bons resultados obtidos pelas mulheres no futebol, modalidade-mãe do futsal. “O Palmeiras foi campeão mais uma vez tendo uma mulher como comandante. No futebol feminino, o Brasil tem conquistas, como os prêmios de melhor do mundo da Marta, que não conseguimos na mesma feita no masculino”.
Embora acredite que Paranaense de Futsal Feminino no Paraná esteja evoluindo, com a criação da segunda divisão, a presidente disse que falta apoio da Federação. “Em 2020, todas as equipes masculinas tiveram apoio de um banco e tiveram algum benefício. O que é que foi proporcionado ao feminino? A Federação disse que foi uma questão de acordo, mas até que ponto ela queria que o feminino também fosse beneficiado?”.
Pandemia: conduta firme
Desde 2018 como presidente do clube, Suzana vem se popularizando nos últimos meses pela conduta firme perante a pandemia.
No ano passado, após quatro meses de paralisação da modalidade, a Série Prata foi retomada no estado. No entanto, Maringá mantinha um decreto criterioso que impedia a prática de atividades esportes no município e dificultava o deslocamento da equipe para outras cidades. Após um W.O na 1ª rodada, quando o Seleto jogaria em Bituruna, a equipe conseguiu parceria com outro município – Itambé, para mandar seus jogos por lá, mas como a quadra não possuía as medidas oficiais, houve recusa dos demais clubes.
“No feminino, eu disputei, pois houve a compreensão de que alguns alguns municípios, como Londrina e Maringá, jogassem a competição toda em outra cidade. Ninguém brigou ou foi contra jogarmos em ginásios que às vezes não tinham vestiários. O importante no momento era o futsal acontecer. No masculino as equipes não aceitaram, pois isso iria contra um regulamento feito antes da pandemia. ”.
2021: incerteza
Para 2021, a presidente inscreveu o feminino na Ouro e o masculino na Prata. No entanto, com o momento crítico da pandemia por qual atravessa o Paraná, Suzana disse ao Correio que não cogita retirar suas equipes mais uma vez das disputas.
“Tudo vai depender da pandemia. Aqui em Maringá a situação é crítica, ainda não podemos realizar atividades físicas, já que o decreto municipal é mais rígido que o do estado. E a Federação marcou arbitral e adiou e dependemos do que for acertado nele. Não que tenhamos um plano B, mas há a experiência do que aconteceu ano passado. Existem incertezas para as competições. Se não for do agrado do município e do Seleto, nós não vamos disputar. Estamos lidando com vidas”.
A popularização do Seleto em Maringá
Embora uma das mais relevantes cidades do estado, Maringá vem passando por um momento complicado no esporte. No futebol, os tempos de protagonismo com o Grêmio Maringá ficaram na memória. Tendo um legado de projetos com vida curta, o Maringá FC, atual representante do município nos gramados, têm dificuldades para angariar torcedores.
No futsal, a situação é parecida. O Ciagym, por exemplo, chegou a integrar a Liga Nacional Masculina, mas foi do auge à derrocada fulminante.
O desafio de Suzana é superar essa herança ingrata e provar, mesmo com estrutura limitada, a seriedade do projeto do Seleto. “Nosso clube existe desde 1996. Queremos ser grandes, desde que seja um projeto positivo. Não adianta dar um passo maior do que as pernas. O Seleto sempre caminha devagar, dentro que é possível ser bem-feito.
Tínhamos a vaga na Liga Nacional do Feminino, confirmamos e depois desistimos pois sentimos que abraçaríamos um projeto em que não conseguiríamos desenvolver. Devido a algumas coisas que ocorreram com outras instituições, temos pouco apoio fora da prefeitura, que é nossa maior apoiadora”.