“A socialização, é principal termo que a ‘Comunidade UFFS’ defende”, afirma candidatos da chapa 4
Em entrevista ao Jornal Correio do Povo, os professores Marcelo Recktenvald e Éverton Miguel da Silva Loreto apresentaram as suas propostas para a reitoria da UFFS
A entrevista com a chapa 4, composta pelos candidatos Marcelo Recktenvald e Éverton Miguel da Silva Loreto, tem como objetivo apresentar informações relevantes sobre suas propostas e visão para a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
A chapa ‘Comunidade UFFS’, concorre ao cargo de reitores da instituição e apresenta uma série de propostas para melhorar a qualidade do ensino, pesquisa e extensão, bem como fortalecer as relações com a comunidade local.
Ao longo da entrevista, serão abordados temas importantes para a comunidade acadêmica e a sociedade como um todo.
Jornal Correio do Povo: Professores, por que vocês decidiram concorrer a reitoria da UFFS? Éverton Miguel da Silva Loreto: Natural de Cachoeira do Sul, no Rio Grande. Sou servidor da Universidade Federal Fronterira Sul (UFFS), desde 2010. Minha formação é em engenharia química, pela UFSM.
Fiz mestrado pela mesma instituição, em engenharia de produção e doutorado na UFRGS. Atualmente, eu leciono as disciplinas de informática e estatística e algumas disciplinas específicas do curso de administração. Sou pró-reitor de planejamento desde 2019 e també, já atuei em diversos órgãos dentro da universidade.
Marcelo Recktenvald: Sou atual mentor da UFFS e agora estamos nessa tentativa de recondução ao cargo.
Natural de Treze de Maio, RS, cresci em Boa Vista do Buricá, e fiz a minha faculdade em Palmeira das Missões. Tenho graduação em administração, minha turma estudou de 1993 à 1997, depois eu mudei para Santa Catarina e em 2000, comecei a atuar na educação superior.
Então, são 23 anos atuando na educação.
Já fui professor e ocupei cargos administrativos em instituições comunitárias e privadas antes de ingressar na UFFS, estou desde 2010, ou seja, sou do primeiro concurso e dentro da universidade já tive vários papéis.
Eu fui coordenador do curso de administração, coordenador de estágios, secretário especial de assuntos estudantis, pró-reitor e agora nos últimos 4 anos reitor da universidade.
Nós estamos a serviço da universidade que está a serviço da comunidade. Acredito que a nossa caminhada em um período recente foi muito desafiador, nos colocou uma prova bem difícil para manter o equilíbrio da instituição.
É o orçamento público que define o quanto vamos ter de recursos e a nossa experiência, vem desse período mais conturbado, que mantivemos a universidade com equilíbrio econômico e financeiro com a possibilidade de atender as necessidades do nosso público estudantil.
Quem faz isso num período de ‘vacas magras’, tem grande possibilidade de fazer muito mais e melhor no período em que as condições externas forem mais favoráveis.
Correio do Povo: O que vocês gostariam de colocar em prática, pensando na UFFS como um todo? Já existem projetos de ampliação, ou implementação de novos cursos, pensando no total?
Candidatos: Primeiro nós queremos manter essa regularidade, ou seja, a segurança institucional de valorização de pessoas.
Nós temos desafios no ensino, pesquisa e na pós-graduação, então falar de objetivos pra universidade tem que estar associado a esse tripé. No ensino temos problemas já percebidos quanto a atratividade e permanência de estudantes.
Nos dias de hoje, existe uma competição com os cursos pagos, em EAD e especialmente as graduações ofertados em menor tempo.
Os nossos cursos têm em média 5 anos, e para quem escolhe fazer uma graduação geralmente tem pressa na sua formação, porque quer buscar a sua inserção no mercado de trabalho.
Então, nós precisamos reestruturar as nossas grades curriculares, deixar os nossos cursos mais competitivos, investir mais em publicidade para divulgar a imagem, isso vai trazer mais estudantes.
E além disso, precisamos melhorar as condições de permanência, nós não temos uma política de moradia estudantil, então fica sendo o próximo desafio para gestão, de ter uma casa de estudante para receber aqueles que tem os maiores graus de vulnerabilidade socioeconômica.
Também queremos ampliar a área de diversão, cultura e esportes. Pretendemos construir um centro multi-esportivo na universidade. Para um grupo novo de estudantes, por exemplo, que vem de outros lugares, isso vai fazer diferença, pois é um ambiente de entretenimento e que se forma vínculos, a socialização inclusive, é o que a ‘Comunidade UFFS’ tem defendido.
Na pesquisa precisamos criar fomento específico para projetos que atendam soluções práticas aplicadas, inclusive nós criamos uma estrutura chamada de ‘Agitech’, que é agência de internacionalização e inovação tecnológica.
Correio do Povo: Sobre Laranjeiras, o campus enfrenta desafios próprios como a queda no número de alunos e acidentes no trevo. Existe também a proposta do deputado Felipe Barros de separar o Paraná da UFFS. O que a comunidade pode esperar de seu mandato? Como veem a possibilidade de desmembramento?
Candidatos: Infelizmente a evasão é o ponto crítico. Em 2020, durante a pandemia nós criamos uma comissão de evasão, formada por servidores, técnicos e professores.
No primeiro momento eles definiram o tamanho do problema, ou seja, identificaram o quanto tem de evasão em cada campi e em cada curso. Aí nós sabíamos o tamanho do problema, mas não quais são as causas que geram essa evasão.
Na segunda etapa, nós fomos atrás de pessoas que se evadiram da universidade. Conseguimos acesso por e-mail e telefone que tinha nos nossos cadastros e consultamos essas pessoas. E como resultado, conseguimos uma grande quantidade de motivos, desde problemas pessoais, problemas de saúde na família, ou até mesmo um relacionamento novo e tem aqueles que decidem que não é o curso que gostam, então tem uma série de razões. Com isso, começamos a ter ideia das causas e precisamos descobrir como é que podemos resolver.
No Brasil, há duas opções, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está com projeto implantando, que compartilha responsabilidades de todos e tem outro projeto chamado plataforma Cissa.
A plataforma trabalha com análise de dados e gera um modelo preditivo, ou seja, ela diz a probabilidade do aluno se evadir de acordo com as características que ele está passando.
Não pretendemos acabar com a evasão, temos certeza que isso é muito difícil, mas queremos trazer ela para patamares mais aceitáveis.
Com relação ao trevo, vamos solicitar a prefeitura, por meio de uma conversa, a nossa intenção é criar uma parceria para que a prefeitura nos auxilie nessa oferta de estrutura, já que não podemos usar recursos internos da universidade para investimento em vias externas.
Sobre o projeto de uma nova criação de universidade, tudo precisa ser avaliado e discutido com calma. Tenho a impressão que o encaminhamento não está correto, porque para a criação de autarquias públicas dependem de iniciativa do executivo e não do legislativo, acredito não vai prosperar.
Correio do Povo: Para concluir vocês querem colocar mais alguma coisa, alguma informação relevante?
Candidatos: Para concluir, gostaríamos de acrescentar que nós enquanto universidade, precisamos criar valor e uma percepção na comunidade a partir de uma inserção em projetos que sejam reconhecidos pela comunidade de toda a região, em suas necessidades e de todos os aspectos políticos e ideológicos.
Os processos integrativos com a comunidade precisam abraçar a extensão como uma das suas portas de maior possibilidade de trabalho em conjunto, se a universidade é pública, ela deve servir para todos os públicos e não deve ser segmentada.
Nossa chapa, tem certa estabilidade e garantia de uma gestão séria, estratégica e segura.