Atraso na colheita do milho deve encarecer o frete no Brasil
Valores médios cobrados por motoristas e transportadoras devem ser maiores que os do quarto trimestre de 2022
O mercado de fretes rodoviários para o transporte de produtos agrícolas deve ficar aquecido até setembro e depois tende a ter preços menores até o início da safra de verão, em fevereiro de 2024. Mas os valores médios cobrados por motoristas e transportadoras devem ser maiores que os praticados no mesmo período de 2022, de acordo com projeções do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, (Esalq-Log).
Efeito cascata
O motivo é que a segunda safra de milho está atrasada, com apenas 64% da área colhida até o início de agosto. No mesmo período da safra passada, a colheita havia atingido 80%.
“Essas duas ou três semanas de postergação na colheita são responsabilidade também do atraso na soja. Com isso, postergou-se o período de pico do frete rodoviário”, afirmou o pesquisador do Grupo, Fernando Bastiani.
Com o atraso na colheita do milho, o período em que os valores do frete ficam mais aquecidos também se estendeu.
Valor estável
Outro motivo para a expectativa de preços mais firmes que os registrados no mesmo período de 2022 é que as exportações de milho estão em alta. São 11,7 milhões de toneladas comercializadas com o exterior neste ano até julho. Nesse mesmo período de 2022 eram 10,4 milhões de toneladas.
Nesse cenário, o preço médio do frete para transporte de grãos, por exemplo, entre Sorriso (MT) e Miritituba (PA) em julho era de R$ 316,77 a tonelada. Para agosto, a previsão é que fique em R$ 336,10. Já para outubro, deve cair para R$ 278,33 a tonelada, mas acima dos R$ 266 do mesmo mês em 2022.
Na rota entre Ribeirão Preto (SP) e Santos (SP), por onde são transportados grandes carregamentos de açúcar, a média de julho foi de R$ 177,50 a tonelada. Para agosto a previsão é de R$ 184,42, e o pico deve ser atingido em setembro com R$ 187,74 a tonelada, em média.
No caso do transporte de fertilizantes, na rota porto de Paranaguá (PR) a Rondonópolis (MT), a previsão é de um pico de preços em outubro, quando usualmente chegam os carregamentos para atender o plantio da safra de verão. A projeção é de que alcance R$ 270,65 a tonelada. Em julho, a média era R$ 224,20 a tonelada, 12,3% menos que no mesmo mês de 2022.]