Baixa participação dos pais pode agravar aprendizagem dos filhos
De acordo com a professora Lucia Costa, o problema era frequente antes da pandemia. Agora, a situação passa a ser mais delicada. Laranjeirenses relatam o desafio de conciliar a vida estudantil dos pequenos em casa
Durante a pandemia, a maioria das escolas tem enviado atividades remotas para que os alunos não sejam prejudicados, o que gera preocupação para o desenvolvimento da criança, pois nem todo aluno tem condições adequadas para esse novo modo de viver. Além de que, muitos pais precisam trabalhar para sustentar a casa e, com isso, acabam se ausentando da vida escolar de seus filhos.
Recentemente, uma professora postou uma foto com um recado de uma estudante de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. A imagem mostra a justificativa de uma aluna de cinco anos que não havia feito uma atividade escolar. “ Desculpa 'prof', não ter feito essa lição, ninguém quis fazer comigo”, dizia a mensagem.
A professora relatou ter ficado emocionada com a mensagem e por isso resolveu postá-la em suas redes sociais. No outro dia, a imagem já tinha mais de 10 mil compartilhamentos na internet, muitos com comentários de indignação.
Dificuldades
Christiane Kreuz mora em Laranjeiras do Sul, trabalha com o ramo de decorações. Ela é mãe de dois filhos: Kauanna, de 10 anos, e Heitor, de 5. Ela relata a dificuldade de conciliar a vida escolar deles dentro de casa.
“Encontramos dificuldades, pois é conteúdo novo, e sem orientação das aulas diárias, Kauanna tem dificuldade em vários conteúdos. Fazemos pesquisas, tentamos realizar as atividades e a professora está sempre disponível pelo whatsapp para nos orientar. Já o caso do Heitor, acredito que seja mais difícil, pois está iniciando a alfabetização, aí ele tem difulcudade para aprender. As atividades que vêm da escola , quando são desenhos ou pinturas, são fáceis. Só que ele não está mais animado para fazer. Às vezes, faz mal feito”.
Como trabalhar com as crianças
Cristiane conta que, para gerar organização entre eles os estudos dos filhos e para que um não atrapalhe o outro, ela programou os horários e definiu ambientes dedicados às tarefas. “Tento passar a eles que devem se esforçar, pois o aprendizado agora é assim, em casa com a família”, complementa Christiane.
Cenário desafiador
De acordo com professora de Geografia Lucia Costa, que atua na rede municipal, existem diversos fatores que podem prejudicar o aluno em seu desenvolvimento emocional.” A baixa alto-estima enfraquece a personalidade, o amor próprio e torna a criança e o adolescente vulneráveis à indivíduos manipuladores, através dos relacionamentos na escola. Daí discorrem a indisciplina, a não aprendizagem, os relacionamentos abusivos. A aprendizagem fica comprometida até porque ela não é a prioridade, devido às condições sociais de alguns pais. Lembrando que, mesmo em famílias com boas condições econômicas, a escola acaba sendo um 'depósito de crianças', o número de pais que acompanham os filhos nas escolas é mínimo. A ausência deles é um fator grave antes da pandemia e agora pode piorar mais”, relata.
Aula Paraná
No primeiro semestre de 2020, a secretaria de Estado da Educação e do Esporte teve que acelerar o processo de evolução tecnológica na rede estadual. Em 15 dias após o decreto de fechamento das escolas devido a pandemia, a secretaria implantou o Aula Paraná, um sistema de aulas remotas capaz de manter os 1,07 milhões de alunos do ensino médio da rede em aulas, mesmo com as escolas fechadas. Atualmente a plataforma já serve de referência para soluções de outros estados.
Iniciado em abril, o Aula Paraná disponibiliza aulas online transmitidas pela TV aberta e YouTube. Também foi criado um aplicativo que permite ao estudante assistir às aulas transmitidas pela TV em tempo real, sendo possível interagir com colegas de sala e seus professores através do chat.