Caso Tatiane Spitzner: Julgamento de Luis Felipe Manvailer é marcado para dezembro de 2020
O acusado de ter matado advogada sera julgado nos dias 3 e 4 de dezembro de 2020. Defesa pediu para que júri seja feito em outra comarca.
A Justiça determinou que o julgamento de Luís Felipe Manvailer, acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) de ter assassinado Tatiane Spitzner em Guarapuava, na região central do Paraná, seja realizado nos dias 3 e 4 de dezembro. A decisão foi publicada nesta segunda-feira (14).
Tatiane Spitzner foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho de 2018, no apartamento em que morava em Guarapuava. O marido dela é réu no caso e responde por homicídio qualificado e fraude processual.
Em julho de 2020,a Justiça determinou que o júri popular de Manvailer fosse marcado, após retorno de recursos que estavam em análise no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
De acordo com a decisão do juiz Adriano Scussiatto Eyng, o julgamento deve começar às 9h, nos dias 3 e 4 de dezembro, no Fórum de Guarapuava.
O julgamento poderá ser prorrogado nos dias seguintes, se necessário, segundo a Justiça.
No dia do julgamento, as partes só poderão entrar no Fórum se estiverem usando máscaras, por causa da pandemia de Covid-19, conforme a decisão.
Além disso, foi definido que o sorteio dos jurados aconteça no dia 9 de novembro.
Oitiva do governador
Na decisão, o juiz Adriano Scussiatto Eyng negou um pedido da defesa para que o governador Ratinho Junior (PSD) fosse ouvido.
Segundo o documento, a defesa do réu solicitou que o governador fosse ouvido por ter sancionado uma lei que determinou o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, no dia 22 de julho, mesma data da morte da advogada.
Conforme a decisão, o projeto de lei não é de autoria do governador e não caberia ao gestor a definição da data escolhida pela lei, o que é de responsabilidade dos deputados estaduais.
Além disso, o juiz citou que a oitiva do governador não é necessária, já que não contribuirá para o esclarecimento do caso.
Pedido de desaforamento
A defesa de Manvailer pediu à Justiça o desaforamento do caso, solicitando que o julgamento fosse realizado em outra comarca que não seja Guarapuava, onde o caso foi investigado.
Na petição, a defesa justificou que “opinião pública foi induzida a uma situação que não foi provada” e que o “ambiente é desfavorável para um julgamento sem juízo de valores”, segundo a assessoria.
No pedido, os advogados Adriano Bretas, Caio Fortes de Matheus e Cláudio Dalledone Junior sugeriram que o júri fosse realizado em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
A petição ainda está sendo analisada pela Justiça.
O que diz a defesa
O advogado Claudio Dalledone, que defende Luís Felipe Manvailer informou que a defesa recebeu a decisão “com a convicção de sua inocência”.
“Convicção essa que fez a defesa desistir de seus recursos em instâncias superiores e pedir à justiça que o levasse ao povo para ser julgado”, disse.
O que dizem as partes
O advogado da família de Tatiane Spitzner, Gustavo Scandelari, disse que a Justiça tem sido célere em todas as etapas do processo.
“Desde a época da investigação as autoridades têm trabalhado muito para produzir as provas e para que o processo tenha um andamento rápido. A família deposita neste julgamento grande expectativa de que a justiça seja feita com a condenação do réu que está preso”, afirmou.
Relembre o caso
Tatiane Spitzner foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho de 2018. De acordo com a Polícia Militar (PM), houve um chamado informando que uma mulher teria saltado ou sido jogada de um prédio.
A polícia informou que encontrou sangue na calçada do prédio ao chegar no local. Testemunhas disseram que um homem carregou o corpo para dentro do edifício. Conforme a PM, o corpo de Tatiane estava dentro do apartamento.
Luis Felipe Manvailer foi preso horas depois da morte da advogada ao se envolver em um acidente na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná. A cidade fica a aproximadamente 340 quilômetros de Guarapuava, onde o crime aconteceu.
Durante uma audiência de custódia, Manvailer negou que tenha matado a esposa e disse que advogada cometeu suicídio.
O acusado disse ainda que se acidentou porque a imagem de Tatiane pulando da sacada não saía da cabeça dele. Para a Polícia Civil, Manvailer tentava fugir para o Paraguai.
Em uma audiência de instrução, o acusado negou novamente que matou a advogada. Ele declarou que a família de Tatiane influenciou algumas testemunhas que disseram na delegacia que haviam ouvido a advogada gritando durante a queda.
Segundo Manvailer, as testemunhas mudaram o depoimento nas audiências. No mesmo dia, o acusado preferiu não responder ao questionário feito pela Justiça e a audiência foi encerrada.
Luís Felipe Manvailer, de 32 anos, professor universitário de biologia, era casado com Tatiane desde 2013, e o casal não tinha filhos.