Cinco dicas para estimular o empreendedorismo em crianças
Mas ao contrário do que pensam, o incentivo na escola não deve ser tratado como um conceito exclusivamente profissional e monetário
Há algum tempo, um levantamento encomendado pela Dell Technologies ao Institute For The Future (IFTF) chamou a atenção dos pais e educadores. De acordo com o estudo “Projetando 2030: uma visão dividida do futuro”, 85% das profissões que o mercado de trabalho terá disponíveis em 2030 ainda não existem. Se a projeção vai ou não se confirmar, só o futuro dirá, mas as mudanças constantes no mundo profissional já são uma realidade atualmente. Frente a um universo em constante mutação, a capacidade de empreender se torna mais fundamental a cada dia. Mas como falar sobre isso com crianças pequenas, para que elas cheguem à idade adulta mais preparadas para lidar com esse cenário?
No início da vida escolar, as crianças aprendem melhor quando os conteúdos se relacionam a situações que elas vivenciam no cotidiano, como explica o coordenador pedagógico da Conquista Solução Educacional, Ivo Erthal. Quando o assunto é empreendedorismo, não é diferente. “Situações como guardar os brinquedos após o uso, recolher a louça depois das refeições e ajudar na organização do quarto, entre outras, mostram para a criança que o seu entorno tem relação com suas ações”, detalha. Essas tarefas ajudam a construir uma atitude empreendedora, porque desenvolvem a iniciativa e a autonomia, essenciais para empreendedores.
De acordo com o especialista, as crianças podem aprender sobre atitudes empreendedoras a partir do início da vida escolar. Assim como habilidades de leitura simbólica e desenvolvimento da escrita, a aprendizagem de atitudes comportamentais já é possível a partir da primeira infância, ou seja, a partir dos três anos. O importante é que a linguagem usada durante a interação e os desafios propostos tenham relação com a idade da criança.
Qual o papel da escola nesse processo?
A partir do momento em que as crianças começam a frequentar o ambiente escolar, algumas das atividades desenvolvidas podem ajudar a formar uma mentalidade empreendedora. Erthal lembra que o objetivo sempre deve ser construir atitudes a partir de valores sociais reconhecidos, como respeito, ética, criatividade e solidariedade. “O desenvolvimento da autonomia será o caminho para atingir o protagonismo, que é agir com base em conhecimento e informação. As experiências promovidas pela escola permitirão a reflexão e consolidação de um comportamento que reflete os valores esperados pela sociedade em que a família está incluída”.
Mas atenção: o empreendedorismo, na escola, não deve ser tratado como um conceito exclusivamente profissional e monetário. É preciso desenvolver a ideia de que ser empreendedor é “tornar-se um cidadão colaborativo na resolução de problemas”, destaca.
Cinco passos práticos para educar crianças empreendedoras
Alguns passos simples têm grande impacto na formação de uma criança com mentalidade empreendedora. Erthal aponta cinco deles:
1- Ensine a criança a cuidar dos seus pertences pessoais e escolares, zelando e higienizando para que tenham durabilidade.
2- Use expressões para situações especiais, como “por favor” e “obrigado”. Isso ensina que as relações sociais dependem de reciprocidade.
3- Oriente sobre o relacionamento com bichos de estimação. Cada vez mais presentes nas famílias, os pets são uma ótima forma de ensinar sobre cuidados, zelo e responsabilidade, características fundamentais para quem quer empreender.
4- Sempre que possível, estimule o compartilhamento de bens. Isso pode ser feito em contato com outras crianças ou em círculos familiares, da igreja e da escola. Estimule a troca de objetos, lanches e brinquedos.
5- A partir dos cinco ou seis anos, já é possível estimular a relação com a moeda corrente. Nessa idade, a criança tem compreensão concreta sobre quantidades e começa a formar seus conceitos de valor. A relação responsável com o uso do dinheiro pode ser desenvolvida permitindo e orientando, inclusive, para o consumo de pequenos bens.