Convivência com cães e gatos pode prevenir alergias em crianças, indica estudo

A pesquisa analisou mais de 65 mil crianças e descobriu que a exposição a animais de estimação em casa reduzia o risco de alergias alimentares entre 13% e 16%

Um novo estudo publicado na revista ‘PLOS One’ na última quarta-feira (29), revelou que crianças expostas à cães e gatos durante o desenvolvimento fetal e na primeira infância, têm menos probabilidade de desenvolver alergias alimentares do que outras. A pesquisa analisou mais de 65 mil crianças japonesas, e descobriu que a exposição a animais de estimação em casa reduzia o risco de alergias alimentares entre 13% e 16%.

Novas descobertas

Os autores do estudo afirmam que suas descobertas sugerem que a convivência com cães e gatos pode ser benéfica na prevenção de certas alergias alimentares, aliviando preocupações com a manutenção de animais de estimação e reduzindo o ônus das alergias alimentares. A pesquisa também mostrou que crianças expostas a gatos eram menos propensas a desenvolver alergias a ovos, trigo e soja, enquanto as crianças expostas a cães eram menos propensas a ter alergias a ovos, leite e nozes.

Por quê?

Embora o mecanismo exato ainda não esteja claro, os cientistas acreditam que a exposição a animais de estimação pode fortalecer o microbioma intestinal das crianças, direta ou indiretamente, por meio de alterações no microbioma dos pais ou da casa. O microbioma, composto por milhões de bactérias que vivem no intestino, afeta o sistema imunológico, influenciando o desenvolvimento de alergias.

Jonathan Bernstein, presidente da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia, destaca que a sujeira e outros materiais secretados pelos animais de estimação podem ser benéficos. “É fundamental ter essas exposições desde o início, pois o sistema imunológico evolui, conforme o intestino se desenvolve”, disse Bernstein.

Histórico de pesquisas

Pesquisas anteriores apresentaram resultados menos conclusivos, com algumas relacionando a exposição a animais de estimação à diminuição do risco de alergia alimentar e outras não encontrando associação. Os pesquisadores do novo estudo consideraram diversos fatores que podem influenciar o risco de alergia alimentar nas crianças, como idade da mãe, histórico de doenças alérgicas, tabagismo e local de residência.

Os dados de alergia alimentar foram autorrelatados, o que depende do diagnóstico preciso dos participantes, alertam os pesquisadores. “Há uma necessidade de realmente confirmar esses tipos de estudos, portanto, eu não mudaria necessariamente estilos de vida com base nesses dados, mas certamente não me livraria de animais de estimação em casa.”, afirma Bernstein.

Os especialistas esperam que os resultados desta pesquisa possam ajudar a orientar futuras pesquisas sobre os motivos por trás das alergias alimentares infantis e tranquilizar os donos de animais. “Se você está pensando em ter um animal de estimação e está preocupado porque tem alergia, pode ser potencialmente protetor se houver uma exposição logo no início da vida”, concluiu Bernstein.