Dia Mundial da Abelha: descubra a importância desse inseto para a biodiversidade
O professor de Ciências Biológicas da UFFS, Alexandre Monkolski discute sobre o papel das abelhas para o meio ambiente e como sua falta afetaria a vida como um todo
Hoje (20) comemora-se o Dia Mundial da Abelha, como estabelecido durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2017. O dia foi escolhido em homenagem ao esloveno Anton Janša, nascido em 1734 e considerado o pioneiro da apicultura moderna.
Entre as 250 espécies animais tidas como polinizadoras, 87% são abelhas, essenciais no processo de reprodução das espécies vegetais, através da polinização. São importantes na produção de alimentos para espécies de insetos, aves e outros animais.
Esses insetos vieram, provavelmente de vespas carnívoras que se alimentavam de insetos, e que por alguma mutação genética deram origem a outras vespas que se adaptaram para consumir pólen e depois néctar. Ao longo do tempo surgiram as abelhas como são conhecidas hoje.
As abelhas estão incluídas junto a ordem das vespas, maribondos e formigas. Elas são divididas em Apíneos (com ferrão), Bombíneos (com ferrão, peludas), Meliponíneos (sem ferrão) e Euglossíneos (abelhas com ferrão e gigantes solitárias).
As espécies sociais vivem juntas numa colônia, mas há divisão de tarefas por castas: Rainha, Zangão, Operárias faxineiras, nutrizes, engenheiras, soldados e coletoras. As abelhas solitárias são chamadas de gigantes, tem ferrão e geralmente não formam colônias.
Geração de vida
As abelhas têm forte influência nas culturas de alto valor nutricional (frutas e legumes). 75 das culturas agrícolas no Brasil dependem de polinizadores, 28 delas associadas ao gênero Apis (abelha europeia) e pelo menos 10 a 20 dependam de espécies de abelhas nativas (abelhas sem ferrão). Pelo menos 60% da produção de alimentos no mundo dependem desses insetos.
Os produtos produzidos pelas abelhas são variados, como o mel, pólen de abelha, cera, geleia real, própolis e a apitoxina. São produtos que trazem diversos benefícios para a saúde por atuarem como antibióticos naturais que auxiliam na prevenção de doenças, na nutrição, no bom funcionamento da memória, e também são usados na criação de diversos produtos, como velas, fiação na indústria têxtil, pasta de dente, pomadas cicatrizantes e remédios.
Danos catastróficos
A ausência das abelhas acarretaria em uma alimentação somente a base de cereais e grãos, como milho, trigo e arroz. Nesse cenário, as pessoas seriam acometidas por quadros gravíssimos de desnutrição. Frutas não existiriam, só por polinização artificial, que é custosa e pouco eficiente.
Segundo o professor e coordenador do Curso de Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Alexandre Monkolski, a ausência das abelhas acarretaria mudanças climáticas catastróficas, aumentando a quantidade de gás carbônico na atmosfera e causando a extinção de várias espécies de animais silvestres. “As abelhas transportam o pólen de uma planta à outra, permitindo a reprodução e variabilidade genética. As plantas por sua vez fornecem o pólen e o néctar que são essenciais à manutenção da vida nas colmeias”, explica Alexandre.
O professor Alexandre destaca que o efeito dos agrotóxicos é devastador às abelhas, pois contaminam o pólen das plantas com substâncias químicas tóxicas que dizimam populações inteiras. “As que são mais tóxicas são do grupo do neonicotinoides, cujo princípio ativo é extraído do tabaco. Grupos de inseticidas utilizados na agricultura e na veterinária, geram intoxicação neurológica”.
Ele ressalta a importância da Biologia e da Química na preservação das abelhas. A Biologia porque estuda e levanta dados importantes que auxiliam no manejo da flora, criação de colmeias artificiais (caixas de abelha); e a Química busca o uso de pesticidas com menor potencial tóxico, com características biológicas (bioinseticidas).
Para o professor as medidas a serem tomadas para preservar as abelhas são: aumentar a quantidade de áreas de preservação e conservação, recuperar áreas degradadas no entorno de rios, diminuir o uso de pesticidas; e potencializar ações de treinamento, associações, para aumentar o interesse das pessoas pela criação de abelha.