Entenda a briga entre a Disney e o candidato à presidência dos EUA DeSantis

Causa do impasse entre o governador e empresa se dá por diversos motivos, entre eles o poder que a empresa dona dos parques detém sobre à Florida

A Disney da Flórida está em um conflito interno com o governo do Estado. Conforme informações, na última quarta-feira (29), o novo conselho da Florida, que supervisiona o distrito tributário especial da Disney, escolhido a dedo pelo governador republicano DeSantis, disse considerar uma ação legal para reverter um acordo firmado há várias décadas entre a gigante do entretenimento e o governo anterior.

Controle por três décadas

Segundo o acordo, aprovado discretamente em 8 de fevereiro, a Disney manteria o controle sobre grande parte de sua vasta presença na Flórida Central por 30 anos e, em alguns casos, o conselho não poderia tomar medidas significativas sem primeiro obter a aprovação da empresa.

“Isso basicamente faz da Disney o governo”, disse o membro do conselho Ron Peri durante a reunião. “Este conselho perde, para fins práticos, a maior parte de sua capacidade de fazer qualquer coisa além de manter as estradas e a infraestrutura básica”.

Durante a briga com a Disney, o governador tenta obter votos conservadores para uma possível candidatura à presidência da república pelo partido republicanos em 2024.

Conforme a porta-voz da DeSantis, Taryn Fenske, o conselho contratou várias firmas financeiras e jurídicas para conduzir auditorias e investigar o comportamento passado da Disney. De acordo com os documentos da reunião, o conselho estava fechando acordos com quatro empresas para prestar consultoria sobre o assunto.

“O Gabinete Executivo do Governador está ciente dos últimos esforços da Disney para executar contratos pouco antes de ratificar a nova lei que transfere direitos e autoridades do antigo Reedy Creek Improvement District para a Disney”, disse Fenske. “Uma revisão inicial sugere que esses acordos podem ter deficiências legais significativas que tornariam os contratos nulos por uma questão de lei”.

Em uma declaração à CNN, a Disney manteve sua posição. “Todos os acordos assinados entre a Disney e o distrito foram apropriados, discutidos e aprovados em fóruns públicos abertos e notados em conformidade com o governo da Flórida”, disse a empresa. Documentos da reunião de 8 de fevereiro mostram que ela foi noticiada no Orlando Sentinel conforme exigido por lei.

Vários membros do conselho não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

Donos do distrito e não do parque

Conforme declarações, o acordo concedeu à Disney direitos de desenvolvimento em todo o distrito e não apenas na propriedade de seus parques.

“A falta de consideração, a delegação de autoridade legislativa à uma corporação privada, a restrição da capacidade do conselho de tomar decisões legislativas e a concessão de direitos públicos sem compensação para fins privados, entre outras questões, justificam as ações e orientações do novo conselho para avaliar esses documentos abrangentes e determinar a melhor forma do governo proteger o interesse público em conformidade com a Lei da Flórida”, informou a declaração das firmas de advocacia.

A briga entre a Disney e o governador decorre da oposição da empresa a uma lei da Flórida que proíbe a instrução de orientação sexual e identidade de gênero até a terceira série e apenas de maneira “adequada à idade” nas séries anteriores.

Em março do ano passado, quando a indignação contra a legislação se espalhou por todo o país, a Disney divulgou uma declaração prometendo ajudar a revogar a lei ou revogá-la nos tribunais.

DeSantis e os legisladores do Partido Republicano da Flórida retaliaram, eliminando o Reedy Creek Improvement District, a autoridade tributária especial que efetivamente deu à Disney o controle da terra dentro e ao redor de seus extensos parques temáticos na área de Orlando.