Exclusão escolar no Brasil atinge mais meninas durante a pandemia
Segundo estudo do Fundo Malala as maiores responsabilidades familiares recaem sobre a ala feminina
O Brasil é a oitava maior economia do mundo, mesmo assim está longe da igualdade. O aumento da pobreza, do racismo e da exploração, tem deixado meninas de fora da escola.
Nos estados do nordeste, meninas de origem indígena e quilombola, viajam longas distâncias e dependem de transportes que não são totalmente seguros para chegarem à escola.
Estudo
Desse modo, um estudo feito pelo Fundo Malala apontou que a taxa de exclusão escolar no Brasil aumentou de forma dramática desde o início da pandemia de Covid-19.
A doutora em educação e integrante da rede de ativistas pela Educação do Malala Fund no Brasil, Cleo Manhas, avaliou que a desigualdade se acentuou durante esse período.
“Somos 11 ativistas de diferentes organizações que compõem o Malala Fund e constatamos que as maiores responsabilidades recaem sempre sobre as meninas”, afirmou.
Entre elas, por exemplo, estão as atividades domésticas e mesmo fora de casa e aliado a isso, problemas de acesso à internet fizeram com que elas perdessem muitas aulas e acabassem desistindo da escola.
Sem plano de ação
A especialista analisou que não há um plano de ação do ministério da Educação para busca ativa de quem não retornou às aulas. “Temos uma realidade complicada e difícil de ser mapeada porque soubemos agora nos últimos dias que há falta de acesso aos dados do censo escolar”.
Cleo defende a adoção de um plano de ação nacional e mais investimento em recursos orçamentários e de infraestrutura para as escolas, com o objetivo de minimizar os efeitos da pandemia.
Realidade inversa
“A realidade das escolas públicas é de que são superlotadas e sem infraestrutura para receber alunos durante a pandemia e resolver questões aprofundadas”, disse.
O peso da responsabilidade recai de diferentes formas entre meninas e meninos, sobram funções de cuidado às meninas, como de irmãos menores, cuidar da casa, são elas as mais vulneráveis à gravidez na adolescência, as desigualdades se aprofundam ainda mais com meninas negras, conclui.