Ione Slongo e Paulo Alvez enfatizam o diálogo dentro da universidade

Candidatos da chapa 5 ‘Fortalecer e Avançar’ falam sobre propostas ao Correio do Povo

A chapa 4, ‘Fortalecer e Avançar’, composta pelos candidatos Ione Inês Pinsson Slongo e Paulo Roger Lopes Alvez, participou de uma entrevista exclusiva com o jornal Correio do Povo, para apresentar suas propostas e visões para a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Durante a conversa, os candidatos abordaram temas relevantes para a gestão da instituição, como a melhoria da gestão administrativa, o desenvolvimento do ensino, pesquisa, extensão e a importância da participação social.

Além disso, Ione e Paulo defendem a importância da participação social, com diálogo constante entre a universidade e a comunidade, para identificar demandas e oferecer soluções concretas para as necessidades da região.

Jornal Correio do Povo: Professores, por que vocês decidiram concorrer a reitoria da UFFS?

Ione Inês Pinsson Slongo: Eu sou professora há 38 anos, cheguei na universidade nos meados de 85 e 86, e passei à fazer a formação de pesquisa, sempre atuando fortemente, e estou até hoje.

O primeiro ponto que nos põe aqui, é o ensino e pesquisa, pois estes são muito fortes na gestão, ou seja, na parte administrativa. Esse é que nos coloca na disputa pela reitoria.

Outro aspecto vem de algumas visões, percepções, e experiências, que acabam nos encorajando. Nós temos um grupo, que se organiza há bastante tempo e tem uma visão para o projeto desta universidade, que é de manter as suas características e desenvolvê-la.

‘Fortalecer e Avançar’, é o lema da nossa campanha. Então em primeiro lugar queremos trazer essa perspectiva de que fazemos o debate nesse pleito, procurando trazer para liderança, professores que estão de fato no ‘chão da fábrica’.

Queremos nos dispomos a mobilizar a bagagem que temos para fazer a gestão do ensino, pois durante todo esse tempo nunca estivemos fora da sala de aula.

A universidade pública tem a gestão como uma das principais funções, mas nós professores concursados, somos selecionados pra dar aula, o resto vem com a experiência.

Então, fazer pesquisa, extensão e atuar como gestores administrando as instâncias do ensino é uma atividade que se complementa. A prioritária é o ensino, porém, temos vivido experiências na universidade pública onde, pôr vezes, pessoas habitam bastante o espaço da gestão, dificultando para que haja um novo gestor e consequentemente a falta de mudanças significativas na administração.

Paulo Roger Lopes Alvez: Sou paranaense, de Bela Vista do Paraíso, mas minha família está em Londrina. Sou engenheiro agrônomo e docente de Chapecó, dos cursos de agronomia e engenharia ambiental.

Nessa trajetória acadêmica me envolvi muito com pesquisa, trabalho com a área de agrotóxico, mais precisamente a avaliação de risco ambiental dos agrotóxicos.

Desde que entrei na universidade foi com essa visão, de fazer pesquisa, de tentar contribuir para a universidade avançar e foi onde eu conheci a professora Ione. Acabamos trabalhando juntos em outro setor, onde tivemos um trabalho muito interessante e vimos que a construção coletiva é o caminho. Eram áreas um pouco separadas, começamos a trabalhar coletivamente e ali vimos os perfis dos gestores e quais eram as dificuldades da universidade.

Quem está na gestão muitas vezes não consegue enxergar aquele probleminha que tu tem lá na sala de aula.

Correio do Povo: O que vocês gostariam colocar em prática, pensando na UFFS como um todo? Já existem projetos de ampliação, ou implementação de novos cursos, pensando no total?

Candidatos: Temos discutido várias propostas e identificamos que dentro da universidade existe o problema da evasão, atualmente dados apontam que mais de 60% das evasões são de meninas. Isso por diversos fatores, por exemplo, quando tem filhos, porque existem muitas dificuldades em criar o filho e ir para aula, por isso uma das propostas é criar dentro dos campi o espaço Kids, um espaço para estudantes da pedagogia. Em campi que não tem o curso de pedagogia, essa proposta ainda será mais elaborada, mas onde tem pedagogia, terá o próprio curso envolvido, mas deixo claro que não se trata de uma creche, até porque para ter uma creche noturna, tem toda uma legislação e isso não é viável para a universidade. Seria um serviço interno, que é estar com a criança e oferecer assistência a ela, com ludicidade, brincadeiras, cuidados, e eventualmente alimentação durante o período que a mãe estiver em aula.

Também temos outras propostas, como a criação da secretaria especial junto à Ouvidoria de Acolhimento, para dar encaminhamentos também a casos de violência e assédio sexual das mulheres no âmbito da universidade. Previmos um protocolo de quatro passos, a ideia é que haja o acolhimento da denúncia e da reclamação e assim um encaminhamento, então terá todo um protocolo. Também terá a produção de dados sobre esses encaminhamentos de denúncias por período, onde serão demostrados o que foi feito e os resultados.

Estudos mostram que quando você tem um painel eletrônico no espaço, claro, sempre preservando as identidades, mostra os casos de denúncias e em qual estágio se encontra, isso acaba intimidando as próximas ações do assediador, o painel não vai citar o nome, mas o sujeito pode se ver representado.

Outro ponto, é que queremos ampliar os investimentos em divulgação para espalhar o conhecimento sobre a comunidade, ou seja, trazer a imprensa para mais perto e mostrar o que estamos fazendo.

Correio do Povo: Sobre Laranjeiras, o campus enfrenta desafios próprios como a queda no número de alunos e acidentes no trevo. Existe também a proposta do deputado Felipe Barros de separar o Paraná da UFFS. O que a comunidade pode esperar de seu mandato? Como veem a possibilidade de desmembramento?

Candidatos: Os alunos estão deixando a universidade, mas isso não é só na nossa, mas sim em todas. A questão é, por que os alunos estão deixando a universidade? Quando você é professor, você está na sala de aula, conversa com os alunos, orienta e sabe quais são as razões, que podem ser financeiras, ou do mundo de trabalho, entre outras coisas.

A evasão é o que nós não queremos pra a UFFS, isso a enfraquece, temos capacidade de ter mais alunos e mais cursos que supram as demandas regionais, por isso tem a necessidade de ter uma série de propostas.

Com relação ao desmembramento, nós já nascemos com uma índole a mais, é uma universidade jovem mas com um certo grau de pedigree, com a proposta vamos migrar para outra coisa, isso é desmanchar um projeto muito promissor. Essa universidade nasce com verba do povo, verba pública, focada para olhar para a formação dos cidadãos.

Correio do Povo: Para concluir vocês querem colocar mais alguma coisa, alguma informação relevante?

Candidatos: Acho que para concluir, queremos a quebra do atual ciclo na UFFS, porque entendemos que espaços de gestão são espaços de passagem temporária. Precisamos de alternância para que a universidade seja de fato uma instituição que reverbera a sociedade em seu entorno, essa oxigenação é fundamental.

Também queremos quebrar outro ciclo que é o da presença masculina, dados apontam que 70% da gestão das universidades brasileiras são realizadas por homens. Entretanto, mulheres também são professoras, pesquisadoras, extensionistas e também são gestoras além de serem muito competentes. Então, esses são alguns motivos fortes aos quais estamos nos dispondo a fazer a gestão na UFFS

A universidade não pode perder a sua natureza, que é ser uma universidade criada pela comunidade. Portanto, é da comunidade regional, e nós precisamos dessa participação em todos os segmentos de formação.