Regularização ambiental no Brasil pode levar até 3 anos

A 27ª Conferência Climática das Nações Unidas no Egito ocorre para debater desafios e oportunidades da pecuária sustentável no mundo

Ocorre neste mês na cidade de Sharm el-Sheikh no Egito, a 27ª Conferência Climática das Nações Unidas. No painel sobre pecuária sustentável, realizado nesta segunda-feira (14), o drama da regularização socioambiental foi destacado com um dos grandes desafios e também como condição ao avanço da pecuária sustentável no Brasil. Liège Correia, da diretoria de sustentabilidade da JBS/Friboi, disse que têm estados com mais de três anos de fila para regularização ambiental, situação que inviabiliza a atividade.

“É preciso ter dentro do estado as ferramentas para que o produtor regularize, produza e leve essa mensagem para o mundo. Precisamos acelerar e facilitar o acesso à regularização”, defende Liège.

Junto às estratégias para mitigação e adaptação da pecuária às práticas sustentáveis, essa foi uma das principais abordagens dos especialistas que participaram do debate no estande do Brasil na Conferência das Nação Unidas para Mudanças Climáticas.

Caio Penido, do Instituto Matogrossense da Carne (Imac), trouxe para o debate o que chamou de “justiça climática”. Ele explicou que “custa dinheiro para preservar e precisamos ser remunerados por isso”. Ao mesmo tempo, segundo Penido, o produtor precisa fazer a lição de casa, “melhorar a gestão e investir na pecuária, como antes se investiu na agricultura, para melhorar a produtividade e conviver com a biodiversidade”.

Posição dos produtores nas discussões

O produtor rural e presidente da Liga do Araguaia, Braz Neto, fez um desabafo no painel. Disse que as discussões sobre sustentabilidade são feitas distantes da realidade do produtor, que “é impactado de várias formas, espremido de todos os lados e fica confuso com demandas que não param de surgir.”

Segundo Braz Neto, os pecuaristas precisam de apoio, porque junto com a sustentabilidade existem temas como gestão, sucessão e outras questões familiares que são difíceis de implantar. Ele falou ainda sobre capacidade de investimento, onde entende que linhas de financiamento são importantes, mas que o produtor também tem capacidade de investimento. E que o maior gargalo é a dificuldade gerencial para absorver todas as demandas.

Liège Correia entra neste debate e afirma que é preciso tornar a sustentabilidade atrativa para os produtores. “Sustentabilidade não deve ser um pilar, um projeto, mas a estratégia em si”, finaliza a representante da JBS/Friboi.