Rocha vulcânica pode ajudar a combater mudanças climáticas

A rocha basáltica da pedreira tem uma propriedade útil, quando sujeita à ação do intemperismo pela chuva remove dióxido de carbono da atmosfera

Basalto é uma rocha vulcânica resistente, embora não seja nem rara nem particularmente notável, pode desempenhar um papel importante no resfriamento do planeta superaquecido por meio de um processo chamado “intemperismo acelerado”.

Os cientistas da ONU destacam que, além da redução das emissões de gases de efeito estufa, será necessário adotar medidas de remoção de dióxido de carbono para combater os níveis preocupantes de aquecimento global. Isso implica em retirar ativamente o dióxido de carbono da atmosfera.

CO2

Plantar árvores é amplamente reconhecido como uma abordagem natural para capturar CO2, porém, existem limitações associadas a essa prática. O CO2 capturado é eventualmente liberado quando a madeira se decompõe ou é queimada, além disso, há um limite para a expansão do plantio de árvores.

A tecnologia de Captura Direta de Ar (DAC, na sigla em inglês), enquanto isso, suga mecanicamente o CO2 da atmosfera e o armazena no subsolo.

Os cientistas da empresa UNDO, calculam que são necessárias quatro toneladas de rochas basálticas para capturar uma tonelada de CO2.

Com as emissões médias de CO2 de um britânico estimadas em cerca de 7 toneladas por ano, isso significa que cada um precisa de aproximadamente trinta toneladas ou uma caçamba e meia de basalto a ser espalhada anualmente apenas para alcançar um ponto de equilíbrio.

A UNDO tem planos de expandir rapidamente sua operação nos próximos anos e atraiu apoiadores de peso. A Microsoft concordou em pagar por 25 mil toneladas de basalto a serem espalhadas em campos do Reino Unido. Como parte do acordo, a Microsoft também vai ajudar a auditar o projeto e verificar se está funcionando conforme o esperado.

Como funciona o intemperismo

O intemperismo de rochas acelerado está em algum lugar entre o natural e o artificial. Ele pega o processo de intemperismo natural, que é bastante gradual, e o turbina para remover o carbono mais rápido.

Ao longo de milênios, as rochas vulcânicas e as falésias têm desempenhado um papel crucial na remoção gradual do carbono à medida que são expostas ao intemperismo causado pela chuva. O processo acelerado envolve o uso de pequenos fragmentos de rocha para aumentar o contato com a água da chuva, intensificando assim a taxa de intemperismo e a remoção de carbono.

Tanto em falésias quanto em pilhas de pedras em pedreiras, o basalto passa por um processo lento de intemperismo. Para otimizar a remoção de carbono, é necessário espalhar o basalto por uma área mais ampla.

E é aí que entram os agricultores locais, que ajudam o planeta enquanto recebem fertilizantes gratuitos em troca. Além de reter o carbono, o basalto demonstrou em testes melhorar o rendimento das colheitas e a qualidade do pasto.

Técnica

Alguns especialistas expressam preocupação de que técnicas de remoção de carbono, como essa, possam desviar a atenção das pessoas da prioridade mais urgente de reduzir as emissões. Há o receio de que essas técnicas sejam utilizadas como justificativa para manter padrões de produção intensiva de carbono no dia a dia.

Ainda há muitas perguntas sobre o quanto a técnica é escalonável. Os projetos da UNDO usam subprodutos da pedreira local, mas se isso for ampliado consideravelmente, a energia e as emissões necessárias para triturar e depois transportar e espalhar o basalto, vão precisar ser levadas em consideração.

Neste ano, a UNDO planeja espalhar 185 mil toneladas de basalto e espera ter removido, até 2025, 1 milhão de toneladas de CO2. Ainda é uma gota no meio do oceano em comparação com as emissões.

Em 2022, acredita-se que o mundo liberou cerca de 37 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.