Virmond: Dr. Adriano Sanchez recebe menção honrosa pelo trabalho frente ao combate à Covid-19

O médico chegou no município em 2020, no ápice da pandemia, e com a prefeitura criou uma equipe de atendimento domiciliar a pacientes da doença

Pela primeira vez na história de Virmond um profissional da área de medicina recebeu uma menção honrosa em reconhecimento pelo seu trabalho. A honraria foi entregue ao médico cubano Adriano da Cruz Sanchez no último dia 6, pelo atendimento em prol da saúde e bem-estar da população e por salvar vidas nos piores dias da pandemia de Covid-19.

De acordo com o boletim da secretaria de Saúde, entre cerca de quatro mil habitantes do município, 2.923 testes foram feitos e mais de 1.272 pessoas foram curadas.

O prefeito Neimar Granoski conta que o médico chegou em Virmond no início do caos da pandemia. “Havia medo da Covid-19, medo de morrer, e o Dr. Adriano soube diagnosticar e medicar, passando conhecimento para a equipe da secretaria e cuidando dos casos mais leves aos mais complexos”, afirma.

Durante discurso, na ocasião da entrega da menção, o prefeito e a primeira-dama Marliza Granoski destacaram o empenho do médico.

Adriano levará na memória o acolhimento do povo virmondense, as histórias e amizades. “O ouro do mundo e de todo universo não tem comparação com a amizade”, diz ele. “Se Deus me permitir voltar a trabalhar ao Brasil, o local escolhido será o amado município Virmond”.

O médico parte do país em 19 de setembro, rumo a Luanda na Angola, onde passará uma temporada e depois iniciará trabalho em Portugal.

História e trajetória

Adriano é natural de Cuba, mora no Brasil desde 2017, quando chegou por meio do programa Mais Médicos. Ele atuou em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo até o fim do convênio entre Cuba, OPAS e Brasil.

Na primeira onda da pandemia, Adriano atuou no Hospital Abelardo Santos, em Belém no Pará, um dos pontos de referência em combate a Covid-19 no estado. “Foi no período em que o índice de infectados e óbitos no país, especificamente no Norte e Nordeste chegava a mais de 87%”.

“Cheguei em Virmond em 2020, durante o auge da pandemia no Sul do país”, relata. “Atuaria apenas na atenção primária”.

Segundo ele, quando chegou no Paraná, não existia uma estrutura de atendimento específica para o enfrentamento a Covid-19. “Foi um momento onde os casos da doença aumentavam progressivamente. Em Virmond, havia remédios sem comprovação de eficácia, medicamentos problemáticos que a população tomou. Então, o gestor de Saúde, o prefeito Neimar e eu nos reunimos e criamos um plano para seguir”.

“Me pediram para atender os casos sintomáticos respiratórios, aceitei e criamos uma equipe, da qual tenho orgulho de ter pertencido, para tratar da doença”.

Enfrentamento a Covid-19

Com a experiência adquirida no início da pandemia, todos os funcionários da equipe eram indispensáveis para a realização dos trabalhos. “Criamos um programa de atenção domiciliar à pacientes com doenças respiratórias agudas, principalmente com Covid-19, contando com fisioterapeuta, técnicas de enfermagem, farmacêutica e motoristas”, enfatiza Adriano.

Os objetivos do grupo foram atingidos, por conta da disposição da gestão municipal e cooperação coletiva. “Salvamos vidas em Virmond e nos municípios vizinhos graças a essas ações integradas”.

Adriano tem orgulho de dizer que Virmond foi o único município que adaptou este método no Paraná, talvez até mesmo em todo o Brasil. “Disponibilizamos atendimento médico todo tempo, oferecendo oxigenoterapia domiciliar, medicações de média e alta complexidade, além de acompanhamento diário”.

Por meio da ação e em conjunto com a atenção primária, quase 97% da população municipal atingida pela Covid-19 e outras doenças foram atendidas.

Partida

O Dr. Adriano parte na próxima semana para Luanda, mas enfatiza que a luta contra a Covid-19 continua. Seu contrato, infelizmente chegou ao fim, sem chance de renovação por parte do Ministério da Saúde.

“Mesmo com as dificuldades que temos e sabendo que o Brasil tem leis que proíbem médicos estrangeiros de aturem sem fazer o processo de reavaliação de diploma, exceto pelo programa Mais Médicos, eu, como muitos outros colegas, encerramos os trabalhos e não podemos mais atuar em nenhuma outra área sem o registro do Conselho Regional de Medicina”.

“Mesmo com o país precisando e tendo atuado durante mais de cinco anos, o trabalho não é valorizado”, completa. “As entidades médicas brasileiras acham que somos concorrência e exigem que realizemos exames absurdos, que fogem do padrão das próprias universidades médicas do país. Não somos concorrência, temos o mesmo objetivo: salvar vidas humanas”.

Adriano se sente grato por ter conhecido Virmond, município que o acolheu e pelo qual tem orgulho e admiração. Daqui em diante, o médico continuará correndo atrás de seu sonho: ajudando quem precisa, por meio da profissão que escolheu. “Onde quer estiverem precisando, e onde for aceito, prestarei meus conhecimentos para servir o povo”.